Altura dos Andes é Pedra no Caminho: Brasil Leva Susto da Bolívia nas Eliminatórias
Brasil perde para Bolívia sob efeito da altitude

La Paz, Bolívia — O que era pra ser um passeio virou pesadelo. E olha que todo mundo avisou: jogar a 3.600 metros acima do mar não é brincadeira pra ninguém, muito menos pra um time que chegou confiante depois de uma sequência boa.

O Brasil, é claro, não ouviu os avisos — ou achou que a técnica venceria a geografia. Ledo engano. Logo aos 12 minutos, um gol de penalidade dos bolivianos depois de uma falta questionável do Bremer. O estádio Hernando Siles parecia tremer, e a seleção, ah, a seleção parecia estar correndo com pesos nas pernas.

Ninguém escapou. Vini Jr tentou, criou, correu — mas parecia estar dentro d'água. Rodrygo, então, sumiu. E o time, no geral, demorou uns 30 minutos pra lembrar que tava jogando uma partida de Eliminatórias. Até o goleiro Hugo Pinilla, da Bolívia, fez milagres. Sério, parecia que ele tinha ímãs nas luvas.

O jogo virou — mas só por um instante

No segundo tempo, uma luz. Aos 17, Endrick — garoto que não tem medo de nada — aproveitou um rebote dentro da área e empatou. A esperança voltou, breve, ilusória. Dez minutos depois, os bolivianos fizeram o segundo, e foi aquela coisa: silêncio no banco, euforia nas arquibancadas, e a altitude finalmente levou a melhor.

Dorival Júnior, técnico brasileiro, tentou de tudo — mudou o time, botou mais peso ofensivo, mas era como enxugar gelo em lugar frio. Muito frio. E com pouco ar.

Não dá pra ignorar: a Bolívia joga ali o tempo todo. Está no sangue, no fôlego, no jeito de correr. O Brasil, acostumado a respirar ao nível do mar, simplesmente não deu conta. Faltou gás, sobrou cansaço. E faltou, quem diria, raça.

E agora, Brasil?

A derrota por 2-1 coloca a seleção em terceiro lugar nas Eliminatórias, com 9 pontos — atrás de Argentina e Uruguai. Nada catastrófico, mas um alerta sério. Porque time grande não perde pra Bolívia — ainda mais numa fase em que precisava mostrar evolução.

Parece que algumas lições a gente nunca aprende. Altitude não é desculpa — é realidade. E contra a natureza, não tem tática que salve.

Próximo jogo: contra o Chile. Dessa vez, em casa. Tomara que o Maracanã — baixinho e com ar gostoso — ajude a apagar a mágoa de La Paz.