
Uma notícia que corta como uma faca. O coração do movimento negro alagoano perdeu uma de suas batidas mais essenciais nesta terça-feira (2). Professor Edson Moreira, aos 70 anos, partiu — mas o eco de sua voz, daquelas que não se calam nunca, permanecerá.
Não era apenas um educador. Era um farol. Durante décadas, ele atravessou salas de aula e comunidades com uma missão clara: desmontar, tijolo por tijolo, as estruturas do racismo. E cara, como ele fazia isso bem.
Uma vida dedicada à causa
Nascido em Maceió, Edson não escolheu a luta — a luta o escolheu. Sua trajetória se confunde com a própria história da conscientização negra no estado. Ele via a educação não como uma profissão, mas como um instrumento de libertação. "A sala de aula é o quartel-general da mudança", ele costumava dizer, com aquela convicção que só os verdadeiros guerreiros possuem.
Seu trabalho ia muito além dos muros da escola. Palestras, coletivos, grupos de discussão, manifestações culturais. O homem era um furacão de atividade, sempre com aquele sorriso fácil que disfarçava uma determinação de aço.
O vazio que fica
A comoção nas redes sociais e nos círculos acadêmicos foi imediata. É daquelas perdas que a gente sente no osso. Ex-alunos, colegas professores e militantes compartilham histórias — cada uma pintando um pedaço do mosaico extraordinário que foi sua vida.
Lembram da sua paciência infinita para explicar conceitos complexos. Da maneira única como conectava a história da África com a realidade dos jovens alagoanos. Da coragem de enfrentar temas espinhosos quando muitos preferiam o silêncio cômodo.
E agora? O trabalho continua, porque é assim que legados funcionam. As sementes que ele plantou seguem germinando em centenas de mentes que ele tocou. A semente da questionamento. Da autoestima. Da resistência.
As informações sobre o velório e o sepultamento ainda serão divulgadas pela família. Uma coisa é certa: o chão da luta por igualdade racial em Alagoas tremeu. E vai tremer por muito tempo.