
O Palácio do Planalto parou. Não foi algo formal, mas um daqueles silêncios pesados que só notícias tristes conseguem trazer. E a notícia, desta vez, veio pesada: Luis Fernando Verissimo, um dos nomes mais queridos da literatura e do humor nacional, nos deixou. Tinha 88 anos.
E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não hesitou. Na tarde desta quinta-feira, 28, assinou um decreto presidencial decretando luto oficial por três dias em todo o país. Três dias. Parece pouco perto de uma vida inteira dedicada às palavras, mas é um gesto — simbólico e forte.
Verissimo não era qualquer um. Filho do também gigante Érico Verissimo, Luis Fernando carregou o sobrenome com leveza e genialidade próprias. Suas crônicas, seus textos, seus personagens — como a velhinha de taubaté ou as comédias do quotidiano — ficaram. Ficaram na memória, nas piadas que repetimos, no jeito de ver o Brasil com ironia e afeto.
Mais do que um escritor: um cronista da vida
Ele não só escrevia. Ele via. Traduzia com uma simplicidade enganosa os absurdos e belezas da vida brasileira. Escrevia como quem respira — natural, constante, necessário. E por isso, talvez, sua partida doa tanto.
Lula, ao decretar o luto, destacou justamente isso: a “contribuição imensurável” que Verissimo deu à cultura nacional. Não era exagero. Era reconhecimento.
O luto oficial vale pela União — órgãos públicos, embaixadas, repartições. A bandeira vai a meio mastro. Um sinal quieto de respeito.
E agora?
Fica a obra. Ficam as histórias. Fica a influência em uma geração de leitores que riram e pensaram com ele. Verissimo morreu em Porto Alegre, sua cidade, cercado pela família. Deixa filhos, netos, fãs. Muitos fãs.
E deixa também uma lição: a de que humor e literatura não são opostos. São, muitas vezes, a mesma coisa. E ele sabia disso como ninguém.
Três dias de luto, então. Mas muito mais que isso: uma vida inteira de lembranças.