
Numa noite que misturou arte, emoção e reconhecimento, o documentário 'Curandeiras' roubou a cena ao vencer o prestigiado prêmio Itaú Cultural Play. E olha que não foi por acaso — a produção, que mergulha fundo no universo das guardiãs de saberes tradicionais, conseguiu o que poucas: fazer o público rir, chorar e refletir numa só tacada.
Dirigido por uma equipe que parece ter sangue de barata — tamanha persistência em captar histórias genuínas —, o filme percorre cantos esquecidos do Brasil para mostrar como essas mulheres mantêm viva uma farmácia natural que desafia a lógica dos comprimidos de farmácia. Quem assiste sai com uma pulga atrás da orelha: será que a modernidade não está jogando fora conhecimentos valiosos?
Um prêmio que veio em boa hora
Numa época onde todo mundo parece grudado em séries estrangeiras, o Itaú Cultural Play deu um chega pra lá nesse complexo de vira-lata. O júri — composto por críticos durões e alguns diretores que já meteram o pé na jaca — não teve dúvidas: a narrativa crua e sem maquiagem de 'Curandeiras' merecia o troféu máximo.
"É raro encontrar uma obra que fale tanto com a cabeça quanto com o coração", disparou uma das juradas, ainda emocionada. E não era pra menos — algumas cenas são de cortar o coração, tipo quando Dona Maria, uma das protagonistas, explica como aprendeu com a avó a "ler" as plantas antes mesmo de saber as letras do alfabeto.
Por que esse filme está bombando?
Além da premiação — que já garante uma sobrevida nas plataformas digitais —, o documentário tem algo que falta em muita produção por aí: autenticidade que dói. As diretoras passaram meses vivendo com as comunidades, ganhando confiança aos poucos, até capturar momentos que parecem saídos de um conto realista.
- Imagens que valem mil palavras: o ritual noturno de colheita de ervas à luz de lamparinas
- Cenas que desafiam o tempo: uma benzedeira de 92 anos ensinando a neta os segredos das rezas
- Momentos de humor involuntário: quando as "cientistas de avental" ficam boquiabertas com a eficácia de um chá simples
Pra quem tá cansado de filmes que parecem feitos por algoritmo, eis uma produção que respira Brasil por todos os poros. Como bem definiu um espectador na sessão de premiação: "Isso aqui é como encontrar um diamante no meio do pasto".
O prêmio — que inclui uma grana pra novas produções — deve ajudar a equipe a finalizar um projeto paralelo: um arquivo digital desses saberes antes que desapareçam. Porque convenhamos: num país que adora importar modinhas, documentar nossa própria cultura deveria ser prioridade zero.