A tradicional arte da ourivesaria praticada em Natividade, no Tocantins, acaba de ser oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil. O título foi concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) durante reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
Uma tradição que atravessa séculos
A ourivesaria de Natividade tem suas origens no período colonial brasileiro, quando artesãos se estabeleceram na região e trouxeram consigo técnicas que seriam aperfeiçoadas ao longo das gerações. O que torna esta tradição única é que apenas em Natividade o ofício se manteve com características culturais tão marcantes e produtoras de arte genuína.
De acordo com o Dossiê de Registro da Ourivesaria de Natividade, documento produzido em 2024 que detalha toda a história e importância desta arte, existem atualmente sete oficinas na região onde diversos ourives trabalham e transmitem seus conhecimentos para aprendizes.
A magia da filigrana
A técnica que mais se destaca na produção dos ourives de Natividade é a filigrana, um método que consiste no trançado de fios extremamente finos de ouro. Conforme o dossiê, em alguns casos esses fios podem ser tão delicados quanto um fio de cabelo humano.
Além da filigrana, os artesãos também utilizam a técnica das bordas serrilhadas, cujas raízes remontam à região do Minho, em Portugal. Esta combinação de técnicas resulta em peças únicas que encantam pela delicadeza e perfeição dos detalhes.
Diversidade de peças produzidas
Os talentosos ourives de Natividade produzem uma variedade impressionante de joias e artefatos, todos caracterizados pela riqueza de detalhes e qualidade do trabalho manual. Entre as peças mais comuns estão:
- Crucifixos
- Colares e cordões
- Gargantilhas
- Brincos e pingentes
- Pulseiras e anéis
Cada peça é moldada em formatos de arabescos que demonstram a habilidade excepcional dos artesãos locais.
O reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil foi oficializado após um processo de consulta pública realizado pelo Iphan, que permitiu que a sociedade se manifestasse sobre a importância deste bem cultural. Esta decisão representa não apenas um resgate histórico, mas também uma valorização da identidade cultural brasileira e do trabalho de artistas que mantêm viva uma tradição centenária.