
Quem já passou pelo Ceará sabe: tem um cheiro de barro cozido no forno, de couro trabalhado e de renda bilro que parece dançar no vento. Não é só nostalgia — é economia pulsante. O estado transforma fios, argila e fibras em narrativas que sustentam famílias inteiras.
Mais que peças, histórias moldadas à mão
No sertão, dona Maria (62) torce cipó enquanto conta causos que viram bancos. Na capital, jovens designers dão roupagem contemporânea à cerâmica tradicional. E sabe o que é bonito? Tudo isso vira comida na mesa. Só no último ano, o setor injetou R$ 180 milhões na economia local — número que surpreende até os especialistas.
Três motivos pelos quais esse ofício resiste:
- Técnicas ancestrais que passam de avó para neta como segredo de família
- Matérias-primas locais transformadas com o que a terra dá: barro, palha, madeira
- Design inovador — porque tradição não precisa ficar parada no tempo
Do terreiro para o mundo
Enquanto grandes indústrias sofrem com crises, pequenos ateliês no Cariri fecham o mês no azul. "A gente vende até para gringo pelo celular", conta Francisco (38), que herdou do pai a arte dos couros pintados. Em 2024, as exportações de artesanato cresceram 27% — e olha que muitos nem sabem colocar "frete" no orçamento direito.
O Sebrae tem sido parceiro nessa virada, oferecendo desde cursos de precificação até rodadas de negócios. Mas a verdadeira magia? Está nas mãos calejadas que transformam o ordinário em extraordinário antes do sol raiar.
Numa época de produção em massa, o Ceará prova que o feito à mão tem valor inestimável — e, contradizendo as previsões, espaço garantido no mercado. Quem diria que herança cultural poderia ser tão... rentável?