
Imagine ouvir o som da própria voz transformado em arte. Foi exatamente essa a matéria-prima que a genial Clarice Assad usou para compor a trilha de 'Piracema', o mais novo espetáculo do consagrado Grupo Corpo. Mas não pense que é só mais uma trilha comum - aqui, a tecnologia e a tradição se abraçam de um jeito que você nunca viu.
A compositora - que já rodou o mundo com seu talento - criou algo realmente fora da caixa. Ela gravou sua própria voz fazendo barulhos inusitados (sim, você leu certo!) e depois usou inteligência artificial para transformar esses sons em algo completamente novo. O resultado? Uma mistura hipnótica entre uma orquestra de cordas tradicional e efeitos sonoros que parecem saídos de um sonho.
Como nasceu essa ideia maluca?
"Foi quase um acidente", confessa Clarice. "Estava brincando com alguns ruídos vocais no estúdio quando percebi que havia ali uma matéria-prima incrível". A partir daí, a compositora mergulhou de cabeça no universo da IA, trabalhando lado a lado com algoritmos que transformaram seus experimentos vocais em camadas sonoras complexas.
O processo criativo foi tão orgânico quanto inusitado:
- Gravações de voz feitas em momentos aleatórios do dia
- Processamento digital usando diferentes softwares de IA
- Integração com instrumentos acústicos tradicionais
- Testes sonoros durante os ensaios do Grupo Corpo
E o que dizer da reação dos bailarinos? "No começo ficaram meio perdidos", ri Clarice. "Mas quando começaram a dançar, foi como se a música e o movimento tivessem nascido um para o outro".
Por que isso é revolucionário?
Não é todo dia que vemos uma artista do calibre de Clarice Assad - vencedora de prêmios internacionais - se jogar de cabeça no mundo da inteligência artificial. E o mais impressionante: ela não usou a IA como muleta, mas como parceira criativa. "A tecnologia não substitui a arte, ela a expande", reflete a compositora.
O espetáculo 'Piracema' promete ser uma experiência imersiva, onde os sons "nascidos" da voz da própria Clarice se entrelaçam com movimentos de dança que remetem ao ciclo de vida dos peixes - tema central da obra. Uma metáfora perfeita para esse processo criativo que parece renascer a cada novo experimento.
Quem já teve o privilégio de assistir aos ensaios garante: é como ouvir o futuro da música sendo inventado diante dos seus ouvidos. E o melhor? Sem perder aquela alma humana que só artistas como Clarice e o Grupo Corpo sabem trazer.