Um ambicioso projeto de revitalização está transformando o coração histórico de Salvador, colocando a capital baiana no centro do cenário cultural e gastronômico nacional. A iniciativa, capitaneada pelo empresário mineiro Marcelo Magalhães, tem no Palacete Tira Chapéu seu símbolo mais vibrante, um investimento que ultrapassa os 100 milhões de reais após quase sete anos de meticuloso trabalho de restauração.
Um palácio renascido na Rua mais antiga do Brasil
Inaugurado em 2024, o Palacete Tira Chapéu não é apenas mais um ponto turístico. Localizado na histórica Rua Chile, considerada a mais antiga do Brasil, o edifício é uma joia arquitetônica concebida em 1914 pelo arquiteto italiano Rossi Baptista. O processo de restauro foi longo e delicado, respeitando cada detalhe da construção original enquanto a preparava para uma nova vida.
Hoje, o complexo se consolida como um verdadeiro hub de experiências. Ele abriga três restaurantes distintos – Pala 7, Preta Tira-Chapéu e Casaria –, além do Pub 1549, da Galeria Usina de Arte e de lojas como Acqua Aroma, Chocolat Du Jour e Jamm Cigar. O espaço ainda conta com biblioteca, áreas para eventos corporativos e um rooftop com vista deslumbrante para a Baía de Todos-os-Santos.
A visão por trás da transformação
Marcelo Magalhães, investidor com experiência no setor de restaurantes em São Paulo, enxergou no Centro Histórico de Salvador muito mais que uma oportunidade de negócio. Em entrevista, ele revela que a motivação foi emocional e cultural. “Minha motivação não veio de um plano de negócios. Veio de um desejo de participar de algo maior que eu”, afirma o empresário.
Ele descreve Salvador como uma cidade com uma energia artística e humana única, e vê seu investimento como uma forma de honrar e preservar essa essência. “Trabalhar com um prédio histórico é como conversar com alguém que já viveu muito: você precisa ouvir antes de agir”, compara Magalhães, destacando os desafios diários de paciência e cuidado que um patrimônio dessas proporções exige.
Projetos futuros e o legado para a cidade
O Palacete Tira Chapéu foi apenas o primeiro passo. Utilizando mecanismos de incentivo à cultura, como a Lei Rouanet, e estabelecendo parcerias público-privadas, Marcelo Magalhães já expandiu seus projetos na região. A lista inclui o Chile 27, Peixe Voador, Galeria Fala e o Palacete Residence.
Um dos planos que mais o entusiasmam é a transformação do antigo cinema do Centro Histórico em um teatro. “Restaurar esse espaço exige o mesmo cuidado artesanal... preparar o prédio para receber novas gerações de artistas, músicos e espectadores”, explica.
Quando questionado sobre o valor total investido em todos os projetos, o empresário prefere mudar a perspectiva. “Quanto vale permitir que as próximas gerações não conheçam o Centro Histórico apenas pelas fotos nos livros, mas tenham a chance de viver esse lugar?”, provoca. Para ele, o retorno para a cidade, em termos de cultura, identidade e vitalidade urbana, torna qualquer cifra investida pequena perto do ganho coletivo.
A revitalização liderada por Magalhães demonstra que é possível conciliar preservação histórica, desenvolvimento econômico e inovação cultural. O Palacete Tira Chapéu e seus projetos irmãos estão redesenhando não apenas um cartão-postal, mas a própria experiência de se viver e visitar o berço da cultura brasileira.