A COP30, conferência climática das Nações Unidas que começou em 10 de novembro de 2025 em Belém, preparou um presente especial para os representantes dos países participantes. A presidência do evento vai presentear os líderes internacionais com uma obra iconográfica que resgata a riqueza arquitetônica da capital paraense durante o ciclo da borracha.
Tesouros arquitetônicos redescobertos
O livro "Palacetes da Borracha de Belém" reúne fotografias de construções históricas erguidas entre 1860 e 1920, período em que a cidade se destacava entre os centros urbanos mais prósperos do mundo. A obra apresenta imagens de prédios, palácios e igrejas que testemunharam a era de ouro da borracha na Amazônia.
Os edifícios retratados foram projetados por arquitetos europeus, com destaque para o italiano Antonio José Landi, que se radicou no Brasil e deixou marcante contribuição para a arquitetura amazônica. Landi adaptou estilos em voga na época, como o barroco e o neoclássico, às condições climáticas dos trópicos.
Entre suas obras mais importantes está o Palácio Lauro Sodré, conhecido como Palácio do Governo, localizado na Cidade Velha de Belém. A construção simboliza a ambição dos "barões da borracha" em criar uma cidade moderna que espelhasse a prosperidade da região.
Memória viva da belle époque paraense
Andre Correa do Lago, presidente da COP30, explica na apresentação do livro que os magnatas da borracha desejavam construir uma cidade que acompanhasse as últimas tendências da arquitetura e urbanismo europeus. A ideia de contar a história de Belém através de suas construções partiu do próprio Correa do Lago.
Além dos edifícios icônicos, a publicação revela casas menos conhecidas do público que ainda resistem entre construções modernas. O contraste é evidente: torres de mais de 30 andares, comuns nas cidades litorâneas brasileiras, diminuem visualmente a importância desses símbolos históricos.
Equipe de especialistas e produção acelerada
O projeto reuniu talentos reconhecidos em suas áreas. As fotografias são de Cristiano Mascaro, especialista em retratar arquitetura, enquanto os textos foram escritos por Alexei Bueno, diretor do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro.
A apresentação ficou a cargo de Milton Hatoum, recentemente eleito imortal da Academia Brasileira de Letras. A produção gráfica foi liderada por Victor Burton, que conseguiu finalizar o projeto em tempo recorde: apenas dois meses separaram o início dos trabalhos da edição final do livro.
Burton destaca que "a arquitetura permanece na memória e é testemunha de um fenômeno estético e cultural". A obra permite reconstruir um momento de pujança da cidade, como se ela ainda estivesse de pé, possibilitando ao leitor comparar a Belém atual com a que foi estrela do país durante o ciclo da borracha.
Entre os patrimônios arquitetônicos destacados na publicação estão a Residência histórica, o Palacete Bolonha, a Loja Paris N'America, o Bosque Rodrigues Alves, o Mercado da Carne, o Teatro da Paz, um coreto tradicional e o próprio Palácio Lauro Sodré.