Quem diria, hein? Enquanto a maioria das pessoas espera avistar gaivotas ou até mesmo urubus nas praias, um visitante inusitado está roubando a cena no litoral paulista. O tapicuru — sim, esse é o nome dele — tem aparecido com frequência nas areias, deixando banhistas e biólogos de queixo caído.
"Parece um personagem saído de um conto folclórico", comenta um pescador da região, enquanto ajusta sua rede. Com penugens escuras e um jeito desengonçado de caminhar, o tapicuru (ou Phimosus infuscatus, para os cientistas) parece mesmo ter saído de um livro de histórias.
Não, não é um urubu!
Primeiro ponto: parem com as comparações! Apesar da cor escura, o tapicuru não tem nada a ver com os urubus. Ele é da família dos íbis, aquelas aves de pernas compridas que a gente vê em documentários — só que, digamos, numa versão mais "despojada".
Aliás, se tem uma coisa que chama atenção é o comportamento dele. Enquanto outras aves ficam agitadas com a presença humana, o tapicuru parece cagar e andar — literalmente. "Ele fica lá, tranquilo, como se estivesse numa praia particular", brinca uma bióloga que prefere não se identificar.
De onde veio essa ave?
Bom, aí é que está o pulo do gato. O tapicuru não é exatamente um novato no Brasil — ele já era visto em áreas alagadas do Pantanal e da Amazônia. Mas no litoral? Isso é novo. E os especialistas têm algumas teorias:
- Mudanças climáticas: O aumento de áreas alagadas pode ter "empurrado" a espécie para novas regiões
- Expansão urbana: Com menos habitat natural, eles estão se adaptando a novos ambientes
- Pura curiosidade: Quem sabe eles não estão só de turismo, aproveitando as férias como todo mundo?
Seja qual for o motivo, uma coisa é certa: o tapicuru veio para ficar. E olha que ele não é nada tímido — já foi visto revirando lixo (que nojo!) e até "conversando" com garças, numa cena que mais parece uma comédia romântica das aves.
Como reconhecer um tapicuru?
Se você estiver na praia e avistar uma ave que parece um urubu que frequentou aulas de balé, provavelmente é ele. Brincadeiras à parte, aqui vão algumas dicas para identificá-lo:
- Cor: Penas escuras com reflexos verdes e roxos (bem mais charmoso que um urubu, convenhamos)
- Bico: Longo e curvado para baixo, perfeito para catar comida na areia
- Comportamento: Anda devagar, como se estivesse "sem pressa de chegar em lugar nenhum"
E atenção: se você vir um grupo deles, não se assuste! Ao contrário de outras aves, os tapicurus são bastante sociáveis — quando não estão brigando por um pedaço de peixe, é claro.
No fim das contas, o que mais impressiona é como a natureza continua nos surpreendendo. Enquanto a gente se preocupa com selfies e filtros do Instagram, lá está o tapicuru, desfilando suas penas brilhantes como se fosse a coisa mais normal do mundo. Quem dera a gente pudesse aprender um pouco com essa ave que, apesar do visual "gótico", sabe curtir a vida com simplicidade.
