Megaoperação no Rio de Janeiro deixa 121 mortos
O cantor Lobão quebrou o silêncio sobre a megaoperação policial que aconteceu no Rio de Janeiro no dia 28 de outubro, nos complexos do Alemão e Penha. O confronto, considerado o mais letal na história da cidade, resultou em 121 mortos, incluindo quatro policiais militares.
Visão crua da violência carioca
Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o músico compartilhou suas experiências pessoais ao morar na cidade maravilhosa. Lobão foi categórico ao afirmar que não existe lado "bom" ou "certo" na situação de violência que assola o Rio.
"A violência é de ambos os dados, o traficante é mau para caramba, bota gente no ácido, queima, decapita. E eu já vi isso", declarou o artista, com a autoridade de quem vivenciou a realidade carioca de perto.
Cultura do crime enraizada
O compositor revelou aspectos perturbadores da convivência dos cariocas com o crime organizado. Segundo ele, alguns moradores da cidade "se orgulham" de ter vestígios de balas no carro, demonstrando uma normalização preocupante da violência.
Lobão ainda citou conversas que ouvia frequentemente: "Inclusive se fosse para votar em fulano de tal do Comando Vermelho, eu votava para presidente". Esse tipo de comentário, segundo o cantor, é recorrente no Rio e reflete a complexa relação da população com as facções criminosas.
O músico descreveu cenas surreais que testemunhou no bairro de Ipanema, especificamente na Barão da Torre: "Eu ia no supermercado e os 'caras' passavam com rajado e as pessoas abaixavam, candidamente, depois levantavam e continuavam".
Para Lobão, existe um "envaidecimento dessa coisa absurda, que é essa guerra civil", onde a violência se tornou parte do cotidiano e, em alguns casos, motivo de orgulho distorcido.
A declaração do artista ressalta a gravidade da situação de segurança pública no Rio de Janeiro e levanta importantes questionamentos sobre como a sociedade lida com a violência crônica que afeta o dia a dia dos cidadãos.