
Um caso que mistura covardia, omissão e dor. Em Mateus Leme, região metropolitana de Belo Horizonte, uma mulher pagou com a vida pela coragem de proteger a própria filha. Dias após denunciar o marido por abuso sexual da criança, ela foi encontrada morta — e as circunstâncias apontam para o suspeito mais óbvio.
Não foi um daqueles crimes passionais que a mídia adora romantizar. Foi cálculo puro, um silenciamento brutal. A vítima, cujo nome preservamos por respeito à família, havia procurado a delegacia na semana passada. Fez o que tantas especialistas recomendam: não ficou calada. Mas o sistema, ah, o sistema falhou com ela.
Os detalhes que cortam como faca
Segundo vizinhos — esses observadores invisíveis de toda tragédia urbana —, o casal vivia tensões há meses. "A gente ouvia brigas, mas nunca imaginou que fosse chegar nisso", contou uma moradora, ainda sob choque. O que ninguém sabia: a filha do casal, uma menina de apenas 9 anos, sofria abusos do próprio pai.
Quando a mãe descobriu, agiu rápido:
- Registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia de Crimes contra a Criança
- Pediu medida protetiva
- Começou processo de separação
Mas a burocracia andou mais devagar que a fúria do agressor. Enquanto os papéis tramitavam, ele supostamente a encontrou sozinha em casa na tarde de terça-feira. O corpo foi descoberto horas depois, quando a filha voltou da escola.
Perguntas que não querem calar
Como um homem com denúncia de abuso infantil conseguiu circular livremente? Por que a vítima não recebeu proteção imediata? O delegado responsável pelo caso evitou dar detalhes, mas adiantou: "Temos fortes indícios de autoria e motivação".
A filha, essa pobre criança no olho do furacão, está sob cuidados do Conselho Tutelar. Psicólogos tentam amenizar o trauma duplo: a perda da mãe e a descoberta sobre o pai. Enquanto isso, nas redes sociais, a hashtag #JustiçaParaEla ganha força — mais um nome na longa lista de feminicídios que mancham nosso país.
O suspeito, pasmem, continua foragido. A Polícia Civil montou operação para capturá-lo, mas até agora... silêncio. Resta saber se dessa vez a justiça será rápida o bastante — ou se vamos assistir a mais um caso escorrer pelos dedos do sistema.