Ex-marido ameaça com líquido inflamável e é preso após botão de pânico em Praia Grande
Homem ameaça ex-mulher com líquido inflamável em Praia Grande

Um homem de 62 anos foi preso em Praia Grande, litoral de São Paulo, após tentar levar a filha adolescente à força e ameaçar a ex-mulher com uma barra de ferro e líquido inflamável. O caso, que envolve descumprimento de medida protetiva, levou a vítima a acionar o "botão de pânico" de um aplicativo da Guarda Civil Municipal (GCM).

Histórico de violência e nova agressão

A diarista Lilian Matias, de 47 anos, relatou ao g1 que sofreu violência física, psicológica e moral durante os 16 anos de casamento com Marcos dos Santos Silva. Ela conseguiu uma medida protetiva, mas retomou a convivência por questões religiosas, sem observar mudança no comportamento do ex-companheiro.

Após uma nova separação, no dia 7 de abril, Marcos tentou levar a filha do casal, de 14 anos, à força. O objetivo, segundo Lilian, era convencê-la a reatar o relacionamento. Na ocasião, ele a ameaçou com uma barra de ferro e jogou um líquido inflamável no carro e na casa onde ela estava. O homem foi detido, mas liberado em seguida.

Novas ameaças e acionamento do botão de pânico

No sábado, 20 de abril, a situação se repetiu. Lilian e uma vizinha foram abordadas por Marcos enquanto recebiam móveis em frente à casa da vítima, que fica a dois imóveis de distância da residência dele. O homem fez ameaças verbais de cunho sexual e afirmou: "Vocês estão ferradas comigo".

Com medo, Lilian acionou imediatamente o botão de pânico do aplicativo PG+Segura, usado pelo Grupamento Guardiã Maria da Penha da GCM. O sistema permite que o Centro Integrado de Comando e Operações Especiais (Cicoe) monitore a localização em tempo real e envie a viatura mais próxima. Marcos foi detido e alegou aos guardas que estava indo buscar uma televisão na casa da ex-esposa.

Justiça concede liberdade provisória pela segunda vez

Durante audiência de custódia no domingo, 21 de abril, Marcos foi solto pela segunda vez em 15 dias. A decisão judicial, citada no documento, reconheceu o histórico de descumprimento de medida protetiva e comportamento hostil do indiciado. No entanto, considerou que não havia elementos para presumir "efetiva periculosidade" ou "altas chances de que este possa voltar a delinquir".

Como réu primário e com residência fixa, ele recebeu liberdade provisória com medidas cautelares, que incluem:

  • Proibição de se aproximar da vítima, familiares e testemunhas a menos de 100 metros.
  • Proibição de qualquer contato por meio de comunicação.
  • Obrigação de comparecimento mensal à Justiça.
  • Afastamento do lar e proibição de mudar de cidade sem autorização.

Lilian Matias expressou desespero com a decisão: "O juiz liberando o Marcos me deu a sentença de morte... Realmente, é uma tragédia anunciada, só Deus pode nos ajudar". Ela questiona como um homem com atitudes hostis pode ser considerado inofensivo.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que não comenta decisões judiciais, reafirmando a independência funcional dos magistrados, e destacou que as partes podem recorrer se discordarem da sentença.

O caso foi registrado na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Praia Grande como descumprimento de medida protetiva de urgência, ameaça e preconceito de raça ou de cor.