
Era uma terça-feira comum no Centro de Volta Redonda — até que deixou de ser. Por volta das 14h, o cotidiano pacífico de um estabelecimento comercial se transformou num pesadelo. Uma jovem de 22 anos, que prefere manter sua identidade preservada, vivia mais um dia de trabalho quando o passado bateu à porta. Literalmente.
Seu ex-companheiro, um homem de 24 anos com quem ela manteve um relacionamento por dois anos — e que, segundo ela, sempre demonstrou ciúmes excessivos — decidiu que o término não seria aceito. Invadiu o local onde ela trabalhava e, diante de colegas atônitos, disparou ameaças que gelariam o sangue de qualquer um.
"Vou te matar": a frase que ecoou no ambiente de trabalho
O que começou como uma discussão rapidamente escalou para algo muito mais sombrio. Testemunhas relataram à polícia que o clima ficou pesado quase instantaneamente. E então vieram as palavras que ninguém espera ouvir num ambiente profissional: "Vou te matar".
Não foi um desabafo emocional, não foi um momento de raiva passageira — era algo mais profundo e assustador. A ameaça foi tão específica, tão carregada de intenção, que deixou claro: isso não era drama de relacionamento, era crime.
Fuga desesperada e a busca por justiça
Assustada — e com razão — a jovem não pensou duas vezes. Abandonou seu posto de trabalho e correu para a 82ª Delegacia de Policia (82DP). Seu relato, ainda tremendo, detalhava não apenas o ocorrido naquele dia, mas todo um histórico de comportamento controlador e obsessivo.
O que me faz pensar: quantas mulheres passam por isso silenciosamente? Quantas acham que "é só ciúme" até que se torna algo pior?
A polícia, diga-se de passagem, agiu com impressionante presteza. Registrou o caso como ameaça — crime previsto no artigo 147 do Código Penal — e imediatamente iniciou as investigações. O delegado plantonista não mediu esforços para garantir a segurança da vítima.
Um padrão preocupante que precisa ser quebrado
O que mais assusta nesse caso não é apenas a violência em si, mas o contexto. Uma mulher no seu ambiente de trabalho, tentando seguir sua vida profissional, sendo violentada psicologicamente por alguém que supostamente deveria respeitá-la.
E pior: isso acontece todos os dias, em todos os cantos do país. Só que a maioria não chega aos jornais.
- Ciúmes excessivos desde o início do relacionamento
- Comportamento controlador que se intensificou com o tempo
- Incapacidade de aceitar o término
- Escalada para ameaças concretas
É quase um manual do que NÃO se deve ignorar num relacionamento.
E agora? O que acontece com a vítima?
A jovem recebeu orientação completa da polícia sobre medidas protetivas — aquelas que, infelizmente, muitas mulheres precisam buscar como último recurso. Foi instruída sobre como proceder caso se sinta ameaçada novamente e sobre a importância de documentar qualquer nova investida.
Enquanto isso, o ex-namorado responde em liberdade — pelo menos por enquanto. A investigação corre sob sigilo, como manda a lei para casos de violência doméstica.
O caso serve como alerta doloroso: violência doméstica não respeita fronteiras. Não importa se é em casa, na rua ou no trabalho — ela encontra suas vítimas. E o pior é que muitas vezes começa com "pequenos" ciúmes, aqueles que a sociedade insiste em romanticizar.
Fica a pergunta que não quer calar: quantos casos como esse precisam acontecer até que a gente, como sociedade, leve a sério os primeiros sinais?