
O silêncio na Rua das Acácias, em Santa Cruz do Capibaribe, nunca foi tão pesado. Onde antes se ouvia o vai-e-vem de uma família comum, agora só restam flores murchas e um mistério que corta como faca.
"Ele era do tipo que nunca escondia nada da gente", conta um primo do casal, que pediu pra não ser identificado — o medo ainda lateja na voz dele. "Se tivesse alguma treta rolando, com certeza teria contado."
Os últimos dias
Na padaria onde o padeiro sempre guardava dois pães de queijo pra eles, ninguém imaginava que aquela seria a última compra. Quarta-feira passada, por volta das 19h, o casal foi encontrado sem vida dentro do próprio carro — um Gol branco com adesivo de time que agora está encostado no pátio da delegacia, cheirando a tragédia.
Detalhe que faz a garganta fechar: segundo o delegado responsável, as câmeras de segurança da região captaram imagens que podem ser cruciais. Mas ninguém solta muita informação — tá todo mundo com o pé atrás, sabe como é?
- Nenhum sinal de briga ou dívida pendente
- Celulares das vítimas levados pelos assassinos
- Vizinhos relatam ter ouvido barulho de moto na hora do crime
O que mais dói na família é justamente isso: a falta de explicação. "Como alguém pode sumir com duas vidas sem deixar nem um motivo?", questiona a irmã mais nova da vítima, enquanto enrola o lenço de papel já encharcado entre os dedos.
O que se sabe até agora
A polícia trabalha com três hipóteses — e todas são ruins. Pode ter sido:
- Crime passional (mas o casal não tinha inimigos)
- Assalto que deu errado (só que nada foi roubado)
- Ou aquela velha história de "acerto de contas" que ninguém quer acreditar
Enquanto isso, na casa onde as fotos de família agora viraram altar, o ventilador gira sem parar sobre a cabeça da mãe das vítimas. Ela não dorme há quatro noites — e quando fecha os olhos, só vê o sorriso dos filhos que não voltam mais.
"Até o café da manhã tá com gosto de cinza", desabafa uma tia, enquanto mexe no leite que já esfriou no fundo da xícara.