Roraima ocupa 9ª posição nacional em população de rua
Um relatório recente do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (ObPopRua-POLOS), vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), revela dados alarmantes sobre a situação de Roraima. O estado possui a nona maior população em situação de rua do Brasil, com um total de 9.954 pessoas vivendo nessas condições.
Contexto migratório explica números elevados
O coordenador do Observatório, professor André Luiz Freitas Dias, atribui esses números principalmente ao contexto migratório venezuelano. Desde 2015, Roraima funciona como principal porta de entrada para venezuelanos que buscam melhores condições de vida no Brasil. Mais de um milhão de pessoas cruzaram a fronteira, sendo que mais da metade permanece no país.
Dias expressou "bastante preocupação" com os números de Roraima, que refletem uma complexidade local identificada durante visita técnica ao estado em 2023. "Pudemos perceber o quanto as sobreposições de violências e violações de direitos atingem diversos grupos vulnerabilizados no estado", afirmou o coordenador.
Concentração na capital e disparidade regional
A situação em Boa Vista é especialmente crítica: das 9.954 pessoas em situação de rua no estado, 9.928 estão concentradas na capital. Isso coloca a cidade em 6º lugar no ranking nacional, à frente de metrópoles como Brasília (8.970) e Porto Alegre (6.420).
Na região Norte, a disparidade é ainda mais evidente. Roraima concentra sozinho 49,2% de toda a população em situação de rua do Norte, que totaliza 20.220 pessoas. O segundo estado da região, Pará, registra 4.100 casos, seguido pelo Amazonas com 3.346.
Crescimento acelerado preocupa especialistas
Os dados comparativos de 2018 a 2024 mostram aumentos consecutivos na população em situação de rua de Roraima. Em 2018, o estado registrava 1.046 pessoas nessa condição, número que saltou para 7.206 em 2024.
O crescimento mais recente foi ainda mais expressivo: entre 2024 e o levantamento atual, o estado registrou aumento de mais de 38%, passando de 7.206 para os atuais 9.954 pessoas em situação de rua.
O relatório também aponta que o crescimento da população em situação de rua a nível nacional foi influenciado pela precarização do período da pandemia de Covid-19 e a ausência de políticas públicas de moradia adequadas.
Os dados foram coletados com base no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal, plataforma do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome que reúne informações de famílias de baixa renda e pessoas em situação de vulnerabilidade social.
