Enquanto o mundo se prepara para a COP30, conferência climática da ONU que acontecerá em Belém em 2025, um grupo de mulheres vive um drama silencioso nas sombras dos preparativos. Profissionais do sexo da capital paraense expressam temores crescentes sobre o impacto que o megaevento trará para suas vidas e sustento.
O Lado Oculto dos Megaeventos
Historicamente, grandes eventos internacionais como copas do mundo e olimpíadas têm sido acompanhados por operações de "limpeza urbana" que frequentemente atingem trabalhadoras sexuais. Em Belém, essa realidade não é diferente. As profissionais temem que a presença de milhares de delegados, jornalistas e autoridades internacionais resulte em:
- Aumento da repressão policial em áreas onde exercem seu trabalho
- Perda significativa de renda devido ao deslocamento forçado
- Violência e discriminação amplificadas pelo contexto do evento
- Marginalização ainda maior em nome da imagem da cidade
Entre a Sobrevivência e a Invisibilidade
Muitas dessas mulheres são chefes de família e dependem exclusivamente do trabalho sexual para sustentar seus filhos. A perspectiva de serem removidas de seus locais de trabalho habituais representa não apenas uma violação de direitos, mas uma ameaça direta à sua segurança alimentar e habitacional.
"Nos momentos em que a cidade quer mostrar seu melhor rosto, nós somos tratadas como problema a ser escondido", relata uma trabalhadora sexual que preferiu não se identificar.
Um Paradoxo na Capital da Amazônia
A ironia não passa despercebida: uma conferência que discute sustentabilidade e direitos humanos pode acabar violando os direitos básicos de um grupo já vulnerável. Enquanto o mundo debate o futuro do planeta, essas mulheres lutam pelo presente imediato - o direito ao trabalho digno e à segurança pessoal.
O cenário preocupa organizações de direitos humanos, que alertam para a necessidade de políticas inclusivas que considerem todos os segmentos da população durante a preparação para a COP30.