Mulher trans é assassinada após suposta conta de R$ 22 em bar de BH
Mulher trans assassinada em bar de Belo Horizonte

Uma tragédia marcada por violência e possivelmente por preconceito chocou Belo Horizonte nesta semana. Alice Martins Alves, uma mulher trans, foi perseguida, espancada e assassinada por funcionários de um bar após sair do estabelecimento supostamente sem pagar uma conta de apenas R$ 22.

Os detalhes do crime brutal

O caso ocorreu no dia 23 de outubro em um bar localizado no bairro Savassi, região nobre da capital mineira. Segundo informações da Polícia Civil, Alice foi agredida pelos dois funcionários do estabelecimento após deixar o local.

De acordo com a delegada Iara França, que conduz as investigações, a vítima já havia percebido olhares preconceituosos de pessoas no estabelecimento antes do ocorrido. "Ela estava indo embora para casa. Havia informado a família onde estava e ia para casa", relatou a delegada em entrevista coletiva.

A perseguição e as agressões

Os dois funcionários seguiram Alice até um local mais afastado, onde a intimidaram exigindo o pagamento dos R$ 22. A vítima, segundo testemunhas, chegou a afirmar que já havia feito o pagamento, mas mesmo assim foi submetida a uma série de agressões físicas.

As violências só cessaram quando um motoqueiro passou pelo local e questionou os agressores sobre a situação. Outra testemunha acionou o SAMU e a Polícia Militar, permitindo que Alice recebesse os primeiros socorros.

As consequências fatais

Ao ser atendida em um hospital da região de Contagem, foram constatadas costelas quebradas e outras lesões graves. Em 5 de novembro, Alice registrou a ocorrência, já sentindo fortes dores e com dificuldades para se alimentar - chegou a perder 12 quilos em decorrência das agressões.

O quadro de saúde da vítima se agravou progressivamente até que, em 8 de novembro, Alice faleceu no hospital de Betim devido a um choque séptico. A condição ocorreu quando a parede do intestino se rompeu, permitindo que bactérias e toxinas vazassem para o abdômen e entrassem na corrente sanguínea.

Investigação e buscas por justiça

A Polícia Civil já identificou os dois funcionários do bar como suspeitos do crime, ambos considerados foragidos. A investigação pediu medidas cautelares contra eles, e a delegada Iara França não descarta que a transfobia possa ter sido um fator motivador para a violência excessiva.

Uma irmã de Alice manifestou seu desgaste com a situação, mas afirmou confiar que "a justiça será feita e eles serão encontrados". A família aguarda o desfecho do caso enquanto lamenta a perda precoce de Alice Martins Alves, vítima de uma violência que pode ter sido potencializada pelo preconceito.