Um norte-americano conhecido por criar polêmicas com a polícia nos Estados Unidos foi preso no Brasil, acusado de crimes graves contra crianças e adolescentes. Floyd L. Wallace Jr., youtuber de 29 anos, foi detido em São Paulo após uma investigação que o aponta como suspeito de exploração sexual de menores no Rio de Janeiro.
Histórico de confrontos nos EUA e prisão no Brasil
Nascido em 17 de dezembro de 1995, Wallace Jr. era conhecido nos Estados Unidos pelo canal “Omaha Copwatch” no YouTube, onde se apresentava como um “auditor constitucional”. Ele filmava abordagens policiais, alegando defender a Primeira e a Quarta Emendas da Constituição americana, que tratam de liberdade de expressão e privacidade.
No entanto, por trás desse discurso, havia um extenso histórico criminal. Relatórios das autoridades norte-americanas enviados ao Brasil indicam que Wallace possui passagens pela polícia em mais de 13 estados, por crimes como resistência à prisão, agressão a agentes e conduta desordenada. Ele chegou a ser condenado por agredir um policial em Oklahoma.
Sua prisão no Brasil ocorreu na última segunda-feira, 22 de dezembro de 2025, no bairro da Liberdade, em São Paulo. A operação foi conjunta entre as polícias civis do Rio de Janeiro e de São Paulo. No momento da abordagem, ele ofereceu resistência e precisou ser contido pelos agentes.
Investigação revela esquema de aliciamento no Rio
A investigação que desmontou a suposta atividade criminosa de Wallace no Brasil começou com um relatório do Ciberlab, órgão do Ministério da Justiça, alertando sobre a possível exploração sexual de menores por um estrangeiro no Rio.
O ponto de partida concreto foi a denúncia de um motorista de aplicativo, em 8 de dezembro de 2025. O motorista, ao buscar um passageiro chamado “Terry William” no Jacaré, Zona Norte do Rio, percebeu que as passageiras eram duas meninas menores de idade. Durante a viagem, as adolescentes disseram que iam encontrar um homem mais velho e estrangeiro, que não falava português. Preocupado, o motorista acionou a empresa e registrou o caso como situação de risco.
A partir daí, a Uber fez uma apuração interna e descobriu que o mesmo usuário havia criado diversas contas com nomes falsos. Um padrão foi identificado: corridas solicitadas para transportar crianças e adolescentes, principalmente meninas, em diferentes pontos da cidade. Em 18 de dezembro, por exemplo, um perfil ligado a ele transportou quatro adolescentes, todas menores de 18 anos, do bairro da Rocha para Santo Cristo.
Com o apoio da Homeland Security Investigations (HSI) dos EUA, os investigadores brasileiros cruzaram dados e confirmaram que “Terry William” era, na verdade, Floyd L. Wallace Jr.
“Turista sexual” e material apreendido
Durante as investigações, a polícia descobriu que Wallace se autodeclarava “turista sexual” e “passport bro” em seus canais digitais. Esses termos são usados por homens de países desenvolvidos que viajam para nações mais pobres com o objetivo explícito de manter relações sexuais, aproveitando-se de desigualdades econômicas e sociais.
Em suas postagens, ele afirmava viajar para países da América Latina com essa finalidade, rejeitando vínculos afetivos e demonstrando consciência dos riscos legais. Ele chegou a dizer que evitava produzir certos conteúdos para não ser preso.
Na ação que resultou em sua prisão, a polícia apreendeu uma série de itens que podem ser usados como prova:
- Cinco pen drives e sete cartões de memória
- Um notebook e cinco celulares
- Diversos chips telefônicos
- Bichos de pelúcia, uma touca ninja e relógios
- Um relógio com câmera escondida
Crimes e possíveis penas
Floyd L. Wallace Jr. é formalmente investigado no Brasil pelos crimes de estupro de vulnerável e favorecimento à exploração sexual infantil. As penas para esses delitos, se somadas, podem chegar a 34 anos de prisão.
As investigações continuam em andamento. A polícia trabalha agora para identificar possíveis vítimas, verificar se há outros envolvidos no esquema e apurar se crimes semelhantes foram cometidos por Wallace em outros países.
O caso expõe uma grave ameaça à segurança de crianças e adolescentes e mostra a importância da colaboração internacional e da denúncia por parte de cidadãos, como o motorista de aplicativo que deu o primeiro alerta.