A megaoperação realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, continua gerando fortes repercussões no cenário político brasileiro. O colunista Robson Bonin analisou no programa Os Três Poderes, na sexta-feira, 14 de novembro de 2025, como a ofensiva policial transformou o panorama político do estado e reacendeu no Congresso Nacional a disputa por protagonismo na área de segurança pública.
Impacto político imediato
Segundo a análise de Bonin, a operação mudou completamente o patamar político do governador Cláudio Castro, que antes estava sem uma agenda clara e distante das discussões nacionais. Agora, o mandatário fluminense sustenta um discurso forte sobre segurança e ganhou caminho para disputar o Senado em 2026.
A entrevista das Páginas Amarelares com Castro revelou que os moradores das comunidades atingidas pela operação relataram sensação de alívio, apoio popular e a percepção de que o Estado - incluindo União, governo fluminense e prefeituras - ainda é capaz de retomar territórios dominados pelo crime.
Segurança pública como prioridade nacional
Bonin destacou que muito antes desta operação específica, pesquisas nacionais já apontavam a segurança pública como o principal problema do país. "Não é só no Rio. É nas grandes cidades e já se alastrando pelo interior", explicou o colunista.
O avanço das facções criminosas, a expansão territorial do tráfico e a lentidão das respostas oficiais contribuíram para alimentar a sensação de abandono por parte da população. No caso específico do Rio de Janeiro, a decisão do STF que restringiu operações em favelas - a chamada ADPF das Favelas - produziu efeitos práticos significativos: burocratizou ações policiais, diminuiu as incursões e transformou comunidades em refúgio para criminosos de outras regiões.
Operação gera imagens impactantes
Dentro das regras estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal, a ação comandada por Castro produziu imagens raras e impactantes: confrontos intensos, quatro policiais mortos e dezenas de criminosos abatidos após reagirem à intervenção.
Para Bonin, esse registro visual reforçou a percepção na população de que algo efetivo, ainda que localizado, havia ocorrido. "Para quem está exausto da insegurança, a operação virou símbolo de reação", afirmou o analista.
A população demonstrou capacidade de diferenciar entre as mortes de policiais e as mortes de criminosos armados que não se entregaram - distinção que o governador Cláudio Castro fez questão de verbalizar publicamente.
Pressão sobre Brasília
O movimento gerado pela megaoperação também forçou Brasília a se movimentar. Parlamentares de diferentes partidos tentam formular projetos, endurecer leis, propor mudanças na legislação penal e mostrar serviço ao eleitor preocupado com a violência.
No entanto, segundo a análise de Bonin, ainda falta consistência nessas iniciativas: "Não está funcionando muito bem", disse o colunista, referindo-se às tentativas de emplacar respostas legislativas que acompanhem o humor da população.
Próximos capítulos
O governo fluminense já planeja novas operações em outras comunidades - ações que, se repetirem o impacto da primeira intervenção, devem manter a segurança pública como pauta dominante e pressionar ainda mais Brasília a reagir.
"Há capital político real para o governador", concluiu Bonin. "Agora resta ver como isso evolui - e se o país conseguirá transformar sensação em política pública de fato."
A megaoperação no Rio de Janeiro demonstrou que, apesar das restrições impostas pelo Judiciário, é possível realizar ações efetivas contra o crime organizado, gerando impacto positivo na percepção da população e alterando significativamente o cenário político nacional.