O tenente da Polícia Militar Henrique Otávio Oliveira Velozo enfrenta a partir desta quarta-feira (12) o júri popular pela acusação de assassinar o lutador Leandro Lo em agosto de 2022. O julgamento acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, e deve se estender por três dias.
Os detalhes do julgamento
A sessão teve início às 11h30 com a formação do conselho de sentença composto por sete jurados - cinco mulheres e dois homens. Ao longo do processo, serão ouvidas nove testemunhas, divididas entre acusação e defesa. Após os depoimentos, ocorrerá o interrogatório do réu e os debates entre promotores do Ministério Público e advogados de defesa.
A sentença final será proferida pela juíza Fernanda Jacomini, da 1ª Vara do Júri. O tenente Velozo está preso preventivamente no Presídio Militar Romão Gomes, local destinado a policiais.
Adiamentos anteriores
Este não é o primeiro júri marcado para o caso. Em maio, o julgamento foi suspenso pela Justiça após pedido da defesa de Velozo. Os advogados protocolizaram ação contra o magistrado responsável pela 1ª Vara do Tribunal do Júri, que foi aceita pelo desembargador Marco Antônio Cogan.
Segundo a defesa, o juiz determinou unilateralmente a exclusão dos assistentes técnicos que estavam previamente autorizados a participar do julgamento, incluindo um perito contratado pelos defensores. Eles alegaram possível desequilíbrio na condução dos trabalhos.
O júri foi então remarcado para agosto, mas na nova data foi dissolvido poucas horas após o início devido a desentendimentos entre acusação e defesa, culminando no julgamento que se inicia agora.
O crime que chocou o país
Leandro Lo, campeão mundial de jiu-jítsu com apenas 33 anos, foi assassinado na madrugada do dia 7 de agosto de 2022 durante um show do grupo Pixote no Clube Sírio, no bairro Planalto Paulista.
De acordo com a investigação e relatos de testemunhas, o desentendimento começou quando um homem entrou na roda de amigos de Lo, pegou uma garrafa de bebida e começou a chacoalhá-la enquanto encarava o lutador de forma provocativa.
Lo teria então derrubado o homem e o imobilizado, mas outras pessoas separaram a briga sem que houvesse agressões físicas significativas. Foi quando, segundo testemunhas, o homem sacou uma arma e atirou uma única vez na testa do lutador.
Colegas do campeão mundial afirmam que o atirador ainda chutou duas vezes a cabeça de Lo enquanto ele estava caído no chão. A investigação aponta que o policial deixou o local e se dirigiu para um prostíbulo, depois foi para um motel na marginal Pinheiros, se entregando à Corregedoria da PM na mesma noite.
Versões conflitantes
O advogado Claudio Dalledone, que representa o policial, afirma que seu cliente agiu em legítima defesa. Já Ivã Siqueira Junior, advogado da família do lutador, sustenta a versão das testemunhas que presenciaram o crime.
O caso ganhou grande repercussão nacional e internacional devido à fama de Leandro Lo no mundo das artes marciais. O lutador era considerado uma lenda viva do jiu-jítsu brasileiro, tendo conquistado oito títulos mundiais na modalidade.