Vídeo de tornozeleira violada prejudica narrativa de Bolsonaro nas redes
Vídeo de tornozeleira afeta Bolsonaro nas redes sociais

Impacto do vídeo da tornozeleira nas redes sociais

A divulgação do vídeo que mostra Jair Bolsonaro tentando violar a tornozeleira eletrônica causou um impacto significativo na narrativa do ex-presidente nas redes sociais. Levantamentos especializados identificaram que as imagens prejudicaram o engajamento dos apoiadores bolsonaristas no ambiente digital, onde tradicionalmente a direita mantém supremacia.

Números da repercussão digital

Um estudo realizado pelo Instituto Democracia em Xeque mostrou que a prisão de Bolsonaro gerou aproximadamente 3,3 milhões de publicações nas principais plataformas digitais, incluindo Instagram, Facebook, TikTok, X (antigo Twitter) e YouTube. A pesquisa, que monitorou a repercussão do caso entre apoiadores de direita e esquerda, revelou um equilíbrio incomum nos engajamentos.

Os analistas destacam que os perfis de direita e esquerda dividiram os engajamentos com apenas uma ligeira vantagem para as publicações favoráveis ao ex-presidente. Esse equilíbrio representou uma quebra do padrão habitual observado em discussões políticas no Brasil.

Mudança na narrativa política

Segundo especialistas, o equilíbrio nas redes só foi alcançado após a divulgação das imagens que comprovavam a tentativa de violação da tornozeleira. O vídeo, que mostrava o equipamento com sinais de queimadura, tornou-se um dos principais argumentos utilizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para decretar a prisão preventiva do ex-presidente.

Em depoimento às autoridades, o próprio Bolsonaro confirmou que tentou retirar o dispositivo com auxílio de uma solda, informação que acabou sendo crucial para mudar o rumo das discussões online.

Consequências para o bolsonarismo

O pesquisador Alexsander Chiodi, coordenador do levantamento, explicou que "depois do vídeo, a direita não conseguiu sustentar a narrativa de martírio do ex-presidente". Paralelamente, a esquerda conseguiu neutralizar eficazmente a versão de que a prisão teria sido motivada por perseguição política e religiosa.

A pesquisa contabilizou impressionantes 11,9 milhões de interações atreladas especificamente à polêmica da tornozeleira eletrônica, demonstrando o alto nível de engajamento que o tema gerou entre os usuários.

Os analistas também observaram que o vídeo causou um silêncio significativo em setores institucionais e moderados do bolsonarismo, incluindo figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Esse fenômeno diminuiu o ímpeto dos apoiadores mais fiéis, que ficaram divididos entre enfatizar a fragilidade física e psíquica do ex-presidente e minimizar a violação da tornozeleira.

O diretor do Instituto Democracia em Xeque, Beto Vasques, destacou que a divulgação do material visual criou um dilema para os seguidores de Bolsonaro, dificultando a manutenção de uma narrativa coesa sobre o caso.