
Eis que o clima esquenta em Brasília — e não é por causa do tempo seco. Flávio Dino, o ministro da Justiça, acabou de acionar a Polícia Federal depois de ser alvo de ameaças pesadas. E olha que o timing não foi por acaso: as intimidações vieram na sequência do seu voto decisivo a favor da condenação de envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Parece roteiro de série, mas é a realidade. Dino, que também é ministro do STF, não ficou de braços cruzados. Registrou um boletim de ocorrência na Superintendência da PF no Distrito Federal. O caso agora tramita em caráter sigiloso — número 0800.064.2025, se alguém duvida.
E não foi pouco. As mensagens de ódio chegaram com ameaças diretas, do tipo que arrepia até quem está acostumado a polêmica. Alguém achou que intimidar um ministro do Supremo seria boa ideia. Spoiler: não foi.
O voto que acionou a fúria
Tudo começou — ou melhor, explodiu — depois que Dino votou pela condenação de quatro réus no julgamento que analisa invasões golpistas. Dois deles, Ailton Barros e Cleriston Pereira da Cunha, já tinham sido condenados antes. Dino não só confirmou a condenação como defendeu a tipificação por associação criminosa armada. Pura pancadaria jurídica.
E ele foi além. Na sessão, soltou a frase: “Não se trata de manifestação democrática”. Na verdade, eram atos preparatórios para um golpe. Forte? Pois é. E parece que alguém não gostou nada do tom.
As ameaças: o que se sabe até agora
Os ataques chegaram por mensagens. Conteúdo agressivo, linguagem de intimidação — o pacote completo de quem não quer debate, quer medo. Dino, que já enfrentou situações do tipo antes, não subestimou a parada. Acionou a PF na hora.
Não é a primeira vez, vale dizer. Em outubro do ano passado, ele já tinha sido ameaçado após determinar a prisão de um suspeito de atacar uma escola em São Paulo. O homem chegou a dizer que faria um ataque similar contra o ministro. Grave pra chuchu.
E agora? A PF assumiu o caso e investiga na surdina. Sigilo total. Nada vaza, ninguém fala, mas a apuração corre solta nos bastidores.
Contexto que importa
O julgamento no STF que motivou a treta é aquele que trata dos invasores do 8 de janeiro. Já são mais de 1.400 indiciados, e a coisa segue quente. Dino votou com a maioria — Dias Toffoli, Kassio Nunes Marques, Luís Roberto Barroso, Luiz Edson Fachin, Cármen Lúcia e Rosa Weber.
Só Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes divergiram em partes. Mas no fim, o placar foi esmagador: condenação mantida.
Ou seja: ameaçar ministro por causa de voto não só é crime — é burrice. Agora a PF está aí pra provar isso.