
Era uma terça-feira como qualquer outra no bairro Danilo Passos, em Divinópolis, até que o desespero tomou conta de uma residência. Um bebê de apenas um ano de idade, sem respirar e com os lábios arroxeados, precisava de um milagre. E ele chegou sobre quatro rodas e farda.
O cabo PM Leonardo, da 6ª Companhia da PMMG, não pensou duas vezes. Ao se deparar com a cena aterradora, aquele treinamento de primeiros-socorros – aquele que a gente torce para nunca precisar usar – simplesmente acionou. Frio na barriga? Com certeza. Mas a ação foi precisa, quase que no piloto automático da coragem.
“Na hora, é como se o mundo desacelerasse”, confessou o herói, sem fazer alarde. “Você só vê a vida na sua frente e faz o que tem que ser feito. A sorte é que deu tudo certo.” E como deu! As manobras de reanimação fizeram o coraçãozinho voltar a bater, restabelecendo a respiração da criança antes que a ambulância chegasse. Um verdadeiro suspiro de alívio para uma família inteira.
Reconhecimento que emociona
Na última sexta-feira, aquele ato de bravura saiu das ruas e ganhou o palco do Teatro Municipal. Em uma cerimônia que arrancou lágrimas até dos mais durões, o cabo Leonardo recebeu das mãos do coronel Flávio Godinho a Medalha Juscelino Kubitschek, a mais alta condecoração da Polícia Militar mineira.
Não foi só uma medalha. Foi um reconhecimento que ecoa pelos quartéis e, principalmente, pela comunidade. O coronel não economizou elogios: “É nessas horas que a gente vê o verdadeiro valor do nosso trabalho. É sobre servir e proteger, literalmente. Esse cabo é a representação viva do nosso lema”.
E a emoção, claro, tomou conta. Entre um discurso e outro, o que mais se via era gente enxugando o canto do olho. Porque heroísmo de verdade, aquele que não espera reconhecimento, é assim: toca fundo no coração de todo mundo.
O que faz um herói?
Será que é a farda? O treinamento? Ou algo a mais? O cabo Leonardo, humilde, joga a responsabilidade para a missão. “A gente se prepara para o pior, mas torce sempre pelo melhor. Fazer a diferença na vida de alguém, especialmente de uma criança, não tem preço. É por isso que a gente veste isso aqui.”
O caso, que já havia comovido a cidade no início do ano, ganhou um capítulo final digno de cinema. Só que, dessa vez, sem roteiro ensaiado. Apenas a vida real, com seus momentos de puro terror e de glória absoluta, mostrando que os verdadeiros super-heróis andam entre nós – e muitas vezes, patrulham nossas ruas.