Ataque a delegado da PF: réus vão a júri popular em Santos
Júri popular para acusados de ataque a delegado da PF

Dois homens acusados de tentar assassinar quatro policiais federais durante uma operação em Guarujá, no litoral de São Paulo, enfrentam júri popular nesta terça-feira (11). Rafael de Vasconcelos Batista da Silva e Jefferson dos Santos Pereira respondem por tentativa de homicídio qualificado contra os agentes.

O crime que chocou o litoral paulista

O episódio violento ocorreu em 15 de agosto de 2023, quando uma equipe da Polícia Federal cumpria mandados de busca e apreensão na Operação Caeté. A ação contava com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e tinha como objetivo principal o combate ao tráfico de armas na região.

Durante a intervenção policial, os dois suspeitos iniciaram uma perseguição pela avenida Tancredo Neves, no bairro Cachoeira. Eles fugiram em direção a uma residência e, em seguida, abriram fogo contra os policiais federais. Um dos disparos atingiu a cabeça do delegado Thiago Selling Cunha, então com 40 anos de idade.

Confronto e consequências

Três outros agentes reagiram aos tiros e conseguiram atingir um dos criminosos na perna. Ambos os suspeitos foram presos em flagrante e as autoridades apreenderam uma pistola e uma submetralhadora de calibre 9 milímetros em seu poder.

O delegado Thiago Selling Cunha sofreu graves ferimentos, incluindo uma fratura acima do globo ocular e perda de massa encefálica. Ele foi rapidamente encaminhado ao Hospital Santo Amaro em Guarujá, junto com o suspeito que também havia sido baleado. Após mais de um mês de tratamento intensivo, o policial federal recebeu alta médica no final de setembro de 2023.

Julgamento e acusações

O julgamento teve início às 8h no Fórum Federal de Santos e reúne uma série de acusações graves contra os réus:

  • Quatro tentativas de homicídio qualificado
  • Tráfico de drogas
  • Associação para o tráfico
  • Porte de arma de uso restrito
  • Comunicação clandestina

A Defensoria Pública da União (DPU) no Estado de São Paulo assumiu a representação legal de ambos os acusados. Até o momento da publicação, a defensoria não havia se manifestado publicamente sobre o caso.

O Sindicato dos Policiais Federais em São Paulo (SINPF/SP) emitiu nota oficial classificando o ocorrido como um "ataque covarde e criminoso" contra um delegado da instituição, demonstrando repúdio ao que considerou uma grave agressão à autoridade policial.

Trajetória do delegado

Thiago Selling Cunha construiu uma sólida carreira na Polícia Federal, onde atua há 15 anos. Na época do atentado, ele exercia a função de chefe substituto da Delegacia de Repressão a Crimes Contra do Patrimônio e Tráfico de Armas (Delepat), sediada na capital paulista.

Sua trajetória na PF começou em 2010, quando ingressou como escrivão de polícia. Quatro anos depois, alcançou o cargo de delegado e passou a integrar a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF). O Pará foi seu primeiro destino profissional, antes de ser transferido para São Paulo, onde atuava como tesoureiro suplente da diretoria regional da ADPF.

O confronto que quase custou sua vida ocorreu durante a Operação Escudo, uma iniciativa conjunta das Polícias Militar e Civil que visava reforçar a segurança no litoral paulista. O caso continua sob análise da Justiça Federal, com expectativa de conclusão do júri popular nos próximos dias.