Servidora presa por desviar 220 armas de delegacia em MG
Servidora presa por desviar 220 armas em MG

Servidora é presa por desviar mais de 200 armas de delegacia em Belo Horizonte

A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu uma servidora suspeita de desviar aproximadamente 220 armas de fogo que estavam sob custódia da 1ª Delegacia do Barreiro, no bairro Jardinópolis, em Belo Horizonte. Vanessa de Lima Figueiredo, de 44 anos, foi presa no domingo (9) e teve a prisão mantida pela Justiça nesta terça-feira (11).

Como o esquema foi descoberto

O desvio veio à tona durante uma ocorrência de rotina em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Policiais apreenderam uma arma e, ao consultar o sistema, descobriram que o mesmo artefato já constava como apreendido anteriormente e deveria estar armazenado na delegacia.

Uma verificação completa do acervo da unidade policial revelou que cerca de 220 armas haviam desaparecido ao longo dos últimos meses. Todas as armas tinham sido apreendidas em operações policiais diversas e estavam sob responsabilidade da delegacia.

Perfil da servidora e modus operandi

Vanessa de Lima Figueiredo é servidora concursada do estado desde julho de 2014, quando foi nomeada para o cargo de analista da Polícia Civil. Natural de Belo Horizonte, ela havia atuado em delegacias de Divinópolis e no Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) antes de ser transferida para a delegacia do Barreiro em 2020.

Segundo investigações, a servidora foi flagrada por câmeras de segurança retirando armamentos do local. As imagens estão sob análise da Corregedoria da Polícia Civil. De acordo com o Portal da Transparência, Vanessa recebia um salário bruto de R$ 7,5 mil em setembro deste ano.

Destino das armas e luxo com dinheiro do crime

As investigações apontam que parte do armamento desviado foi vendido para facções criminosas, incluindo o Terceiro Comando Puro (TCP) e outras organizações da capital mineira e região. O TCP é uma facção que surgiu no Rio de Janeiro como dissidência do Comando Vermelho e tem forte atuação na comunidade Cabana do Pai Tomás, vizinha à delegacia onde os furtos ocorreram.

Com o dinheiro obtido ilegalmente, a servidora teria adquirido dois carros de luxo e realizado procedimentos estéticos. Durante a prisão, os policiais encontraram um cofre contendo invólucros da perícia.

Posicionamento das partes envolvidas

O delegado-geral da Polícia Civil, Rômulo Dias, afirmou em vídeo que "a Polícia Civil reforça seu compromisso com a transparência e responsabilidade e o rigor na apuração dos fatos". A Corregedoria informou que a investigação está em "estágio avançado".

Já o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol) atribui o caso à ausência das Centrais de Cadeia de Custódia no estado, previstas no "Pacote Anticrime" de 2019, que deveriam concentrar todos os materiais apreendidos.

A defesa de Vanessa argumenta que a prisão preventiva foi desproporcional e que não foram encontradas provas ilícitas durante as buscas. O advogado Lucas Furtado sustenta que os vídeos não mostram a servidora portando armamentos e que ela será pleiteada liberdade provisória.

A servidora foi encaminhada para o Presídio Feminino José Abranches Gonçalves, em Ribeirão das Neves, na Grande Belo Horizonte, onde aguarda andamento do processo.