CPI do Crime Organizado terá senadores monitorados por ameaças
Senadores da CPI do Crime Organizado sob monitoramento

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, instalada no Senado Federal após meses de espera, terá todos os seus membros submetidos a análise de risco por possíveis ameaças. A medida foi solicitada pela própria cúpula da comissão e já está sendo implementada pela Polícia Legislativa da Casa.

Monitoramento de segurança

A Polícia Legislativa do Senado foi acionada para realizar uma análise de risco individualizada de todos os 18 integrantes do colegiado. O grupo é composto por 11 titulares e sete suplentes, que passarão por avaliação constante sobre eventuais ameaças à sua integridade física.

De acordo com informações obtidas pela reportagem, existe uma matriz de avaliação que varia conforme o grau de risco identificado. Pelo menos neste momento inicial, os indicadores apontam que não há sinais de alerta imediatos. Caso seja constatada qualquer situação incomum, haverá um incremento imediato na segurança dos congressistas afetados.

Contexto da instalação da CPI

A CPI do Crime Organizado foi finalmente instalada na última semana, após quase nove meses de tramitação. A criação do colegiado foi proposta originalmente em fevereiro de 2025, o ato foi formalizado em plenário em junho, mas os partidos resistiam a indicar seus representantes.

Nos bastidores, uma das explicações para a demora era o receio dos parlamentares em mergulhar num tema considerado extremamente espinhoso. A comissão só saiu do papel definitivamente após a operação policial no Rio de Janeiro que, com 117 mortos, ficou marcada como a mais letal da história do estado fluminense.

O colegiado conta com experiência em investigações: tanto o presidente, Fabiano Contarato (PT-ES), quanto o relator, Alessandro Vieira (MDB-SE), já atuaram como delegados de polícia em suas carreiras anteriores.

Precedentes que justificam preocupação

A medida de segurança não é considerada exagerada pelos especialistas, dado o histórico de ameaças contra parlamentares que atuam em comissões similares. Um dos membros da CPI, o senador Sergio Moro (União-PR), foi alvo de um minucioso plano de sequestro e provável assassinato orquestrado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme revelado pela revista VEJA em 2023.

Moro já conta com um aparato próprio de segurança devido às ameaças constantes. Além disso, a Polícia Legislativa foi informada, também em 2023, que os então presidentes da Câmara e do Senado haviam sido espionados pela facção criminosa.

Essa situação impôs um reforço na segurança tanto de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, quanto de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado.

Entre as prerrogativas da comissão de inquérito estão investigar a atuação das principais organizações criminosas do país, casos de corrupção e extorsão nas forças policiais e o avanço das facções sobre setores financeiros. O trabalho promete ser dos mais complexos e perigosos do atual Congresso Nacional.