
Era para ser mais um dia comum no movimentado porto de Vila do Conde, em Barcarena, região metropolitana de Belém. O navio Haifa, um velho conhecido das rotas internacionais, se preparava para uma longa viagem rumo aos países do Oriente Médio. Sua carga principal? Gado vivo. Mas a viagem, desta vez, não seria tão tranquila.
Uma operação sigilosa da Polícia Federal, seguindo pistas de inteligência que vinham sendo apuradas há semanas, decidiu revirar a embarcação de cabo a rabo. E não deu outra. O que encontraram não foi simples contrabando de cigarros ou eletrônicos. Era a pura e cruel realidade do narcotráfico brasileiro tentando burlar a fiscalização de forma, digamos, bastante criativa – e absolutamente arriscada.
Escondidos em um compartimento secreto, lá estavam eles: 90 quilos de cocaína pura, meticulosamente embalados para não chamar atenção. O valor estimado dessa pequena fortuna ilegal? Algo em torno de R$ 11,7 milhões no mercado internacional. Uma quantia que, obviamente, não declara imposto.
O Modus Operandi
O que choca não é apenas a quantidade, mas a audácia do método. Usar um navio cargueiro que transporta seres vivos como fachada para o tráfico de drogas é, no mínimo, repugnante. Os animais, claro, não tinham culpa nenhuma. Mas a carga ilegal estava lá, escondida no porão, convivendo com a carga legal. Uma jogada de alto risco, que demonstra a sofisticação – e a frieza – dos grupos criminosos.
A PF não divulgou, obviamente, todos os detalhes operacionais para não atrapalhar as investigações, que seguem em andamento. A gente imagina que o destino final não era propriamente o deserto, né? A rota do Oriente Médio é muitas vezes uma ponte para a entrada da droga na Europa. Um jogo global, com peças sendo movidas bem longe daqui.
E Agora?
Nenhum arresto foi feito no momento da apreensão. Isso é comum. A estratégia é colher todas as provas, rastrear digitais, examinar a logística e, só então, fechar o cerco sobre os responsáveis. E olha, com um carregamento desse tamanho, com certeza não foi trabalho de amador. Tem organização por trás disso, e muita.
O que fica é aquele misto de alívio e preocupação. Alívio por mais uma apreensão recorde da PF, que tem mostrado serviço no combate ao crime organizado. E preocupação com a criatividade mórbida desses grupos, sempre inventando um novo jeito de tentar passar sua mercadoria mortal. É um jogo de gato e rato que, infelizmente, parece não ter fim.
O navio, por enquanto, segue impedido de zarpar. O gado, coitado, deve estar lá, sem entender muito bem o que aconteceu. E a cocaína, é claro, não vai chegar a lugar nenhum. Fica o alerta: os olhos da lei estão de sobreaviso, mesmo nos cantos mais inusitados.