
Ela parecia uma vendedora comum, mas a realidade era bem diferente. Na Zona Leste de Manaus, uma mulher de 38 anos montou um verdadeiro esquema paralelo de comercialização de produtos — todos, segundo a polícia, com uma origem nada convencional: o furto de lojas de departamento.
A operação da Polícia Civil, batizada de 'Operação Comércio Ilegal', desmontou essa fachada na última quinta-feira (12). A força-tarefa chegou ao endereço suspeito e encontrou bem mais do que esperava. Não era uma venda informal qualquer. Era um estoque organizado, um comércio clandestino abastecido por furtos.
O que a polícia encontrou
Os agentes se depararam com uma coleção impressionante de itens novinhos, ainda com aquelas etiquetas eletrônicas que fazem aquele barulhinho característico ao sair da loja. A lista era vasta:
- Várias unidades de fones de ouvido, daqueles top de linha
- Perfumes importados, com preços que não são nada populares
- Maquiagens de marcas famosas, tudo lacradinho
- E uma variedade de acessórios eletrônicos que fariam qualquer um desconfiar
Tudo indicava que aquelas mercadorias não chegaram ali pelos canais legais. As etiquetas de segurança intactas eram a prova mais evidente. Quem compra de forma legal, afinal, não leva pra casa produtos com aqueles dispositivos ainda grudados?
O modus operandi
Pelas investigações — e aqui a coisa fica interessante — a suspeita não agia sozinha. A polícia acredita piamente que ela era apenas uma peça, a ponta final de uma corrente maior. Ela seria a receptadora, aquela que compra os produtos sabendo que são roubados para depois revender a preços mais baixos.
Os verdadeiros 'fornecedores' seriam grupos especializados em furtar dessas grandes redes. Eles agem rápido, muitas vezes distraindo os seguranças ou usando técnicas específicas para remover as mercadorias sem serem notados. Depois, repassam a carga para receptadores como essa mulher, que colocam o 'estoque' no mercado informal.
É um ciclo vicioso que prejudica todo mundo: as lojas, que têm prejuízos milionários; os consumidores, que pagam mais caro por causa do roubo; e a sociedade como um todo.
As consequências
Agora, a mulher responde pelo crime de receptação qualificada. Não é pouca coisa. A legislação brasileira leva isso muito a sério, ainda mais quando se configura como parte de um esquema organizado. A pena pode chegar a oito anos de prisão, além de multa.
Ela já foi autuada e encaminhada ao sistema prisional. O caso, claro, não está encerrado. As investigações continuam para identificar quem mais integrava essa rede. A Polícia Civil deixou claro: isso é só o começo.
Para as grandes redes varejistas, operações como essa são um alívio. As perdas com furto — o famoso 'ruptura' — são um dos maiores pesadelos do setor. Só em 2023, o varejo brasileiro perdeu bilhões com essa prática. Cada produto recuperado é uma pequena vitória.
Fica o alerta para consumidores: ofertas boas demais para ser verdade, especialmente em canais não oficiais, geralmente escondem uma origem duvidosa. Comprar um produto sabendo que foi furtado também configura crime. Melhor ficar longe dessas furadas.