Uma análise profunda sobre a classificação do Comando Vermelho revela por que a maior facção criminosa do Brasil não se enquadra tecnicamente na categoria de narcoterrorismo, mesmo controlando rotas internacionais de drogas.
O que define o narcoterrorismo?
Especialistas em segurança e relações internacionais destacam que o narcoterrorismo vai além do tráfico convencional. Para ser considerado narcoterrorista, um grupo precisa:
- Utilizar o narcotráfico como principal fonte de financiamento para atividades terroristas
- Buscar objetivos políticos ou ideológicos claros através do terror
- Atuar com uma agenda que visa desestabilizar Estados nacionais
- Praticar atos de violência com motivação predominantemente política
Comando Vermelho: criminalidade versus terrorismo
Diferentemente de organizações como o Hezbollah ou as FARC, o Comando Vermelho mantém seu foco principal no enriquecimento ilícito e controle territorial para fins criminosos, não políticos.
"O CV não busca derrubar o governo brasileiro ou implantar um regime político alternativo", explica um analista de segurança. "Sua luta é pelo controle de mercados ilegais e poder dentro do sistema prisional".
Características que diferenciam o grupo
- Ausência de agenda política clara: Não há manifestos ou reivindicações políticas consistentes
- Foco no lucro: O tráfico serve ao enriquecimento, não a causas ideológicas
- Violência instrumental: A força é usada para proteger negócios, não para promover ideologias
- Relação pragmática com o Estado: Busca coexistir e corromper, não destruir as instituições
Implicações práticas da classificação
A distinção não é apenas semântica. Classificar o Comando Vermelho como narcoterrorista traria consequências significativas:
- Mudanças nas estratégias de combate ao crime organizado
- Possível envolvimento de agências de inteligência internacional
- Alterações no tratamento jurídico dos membros do grupo
- Impactos nas relações internacionais do Brasil
Embora o Comando Vermelho represente uma grave ameaça à segurança pública, especialistas concordam que a precisão terminológica é crucial para políticas de combate eficazes. Entender suas verdadeiras motivações - fundamentalmente econômicas, não ideológicas - é o primeiro passo para enfrentá-lo adequadamente.