
Parece coisa de filme, mas é a pura realidade do norte do país. Na última sexta-feira, Roraima viveu aquela que já está sendo chamada de a maior apreensão de ouro da história do estado. Não foram gramas, não foram quilos… foram 103 quilos do metal precioso, encontrados com um empresário local.
O caso, que já nasceu grandioso, ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira (12). E que capítulo! A defesa do empresário – cujo nome ainda circula em sussurros nos corredores do fórum – entrou com um pedido urgente no Tribunal de Justiça pedindo sigilo total de justiça em todo o processo. Sim, você leu direito: querem tampar tudo.
Os Argumentos da Defesa: Uma Questão de "Segurança"
O advogado de defesa, em um documento de quase vinte páginas que tive acesso, não economizou na lábia. A tese central? Alegam que “a publicidade do processo pode comprometer investigações em curso” e, pasmem, “a integridade física do próprio acusado e de terceiros”. Soa dramático, não? Quase como se o brilho do ouro viesse acompanhado de uma sombra perigosa.
Mas é claro que a estratégia é bem mais esperta do que parece. Todo mundo que entende um pouquinho de direito penal sabe que sigilo de justiça, em casos de alta complexidade, acaba sendo uma faca de dois gumes. Protege? Protege. Mas também impede que a sociedade fique de olho nos trâmites – o que, convenhamos, é um princípio básico da justiça.
O Outro Lado da Moeda: O Ministério Público Contra-Ataca
E não pense que o MP ficou quieto. Os promotores já sinalizaram que vão bater de frente com o pedido de sigilo. A alegação principal deles é de que a transparência é crucial num caso de tamanha magnitude e interesse público. Afinal, estamos falando de uma fortuna que, em valores de mercado, beira os 20 milhões de reais. É dinheiro que não acaba mais.
Um procurador que preferiu não se identificar me confessou, em off: “É manobra clássica de casos sensíveis. Tentam esconder a poeira debaixo do tapete antes que alguém veja a sujeira toda”. Forte, né?
O juiz responsável pelo caso agora segura a petição na mão. A decisão dele – que deve sair nos próximos dias – vai ditar o ritmo de todo o processo. Enquanto isso, o empresário continua atrás das grades, no Complexo Penitenciário de Boa Vista.
E a gente fica aqui pensando: o que mais vai sair debaixo dessa terra? Só o tempo – e talvez o sigilo, se for aprovado – vai dizer.