Influencer do Mali executada por jihadistas após vídeos pró-Exército
TikToker do Mali executada por jihadistas

Influencer do TikTok é executada publicamente no Mali

A influenciadora digital malinesa Mariame Cissé, conhecida por seus vídeos de apoio às Forças Armadas do Mali em sua conta no TikTok, foi executada publicamente por homens armados suspeitos de pertencer a um grupo jihadista. O trágico episódio ocorreu no último sábado, conforme confirmado por autoridades locais na terça-feira, 11 de novembro de 2025.

De acordo com Yehia Tandina, prefeito de Timbuktu, a jovem foi sequestrada na sexta-feira, 8 de novembro, enquanto visitava uma feira semanal na vila de Echel. No dia seguinte, ela foi levada para a Praça da Independência, na cidade de Tonka, onde foi executada diante de uma multidão.

Motivação do crime e ameaças anteriores

Mariame Cissé mantinha um perfil ativo no TikTok, onde acumulava mais de 150 mil seguidores. Embora não fizesse parte das Forças Armadas, a influencer frequentemente publicava vídeos e fotos vestindo uniformes militares, demonstrando apoio público ao Exército malinês.

Segundo as investigações das autoridades locais, Cissé havia recebido ameaças de morte dias antes de ser sequestrada. O prefeito Tandina afirmou que o apoio público da jovem ao Exército foi o principal motivador do crime, embora nenhum grupo tenha reivindicado oficialmente a autoria do assassinato.

As autoridades atribuem o crime a integrantes do Jama'at Nusrat ul-Islam wa al-Muslimin (JNIM), uma facção jihadista ligada à Al-Qaeda que atua na região desde 2017 e se tornou uma das insurgências islâmicas mais letais do continente africano.

Crise de segurança no Mali

Este episódio ocorre em meio à escalada da violência no Mali, país da África Ocidental que enfrenta uma insurgência jihadista desde 2012. A junta militar no poder desde 2020 alega combater ativamente as ameaças à segurança pública, mas os grupos extremistas continuam controlando amplas áreas do território.

Nos últimos meses, as forças malinesas, apoiadas por mercenários russos, têm enfrentado dificuldades para conter o avanço dos jihadistas em direção à capital, Bamako. O país, sem saída para o mar, vive atualmente sob um bloqueio de combustível imposto pelo JNIM, enfrentando um dos períodos mais instáveis de sua história moderna.

Diante do agravamento da crise de segurança, Reino Unido, Estados Unidos, França e Alemanha recomendaram que seus cidadãos deixem o país imediatamente.

Onda global de violência contra influenciadores

O caso de Mariame Cissé se soma a uma série trágica de assassinatos de influenciadores em diferentes partes do mundo:

  • Agosto de 2025: Ariela Mejia-Polanco, criadora de conteúdo, foi morta a tiros em Nova York
  • Junho de 2025: Jesús Sarmiento, venezuelano, foi assassinado durante transmissão ao vivo após denunciar integrantes de uma quadrilha
  • Junho de 2025: Sana Yousaf, paquistanesa de 17 anos, foi morta por um homem que a assediava online
  • Junho de 2025: Valeria Márquez, influenciadora mexicana, foi morta durante live, reacendendo debate sobre feminicídios no México

A execução pública de Mariame Cissé evidencia não apenas a grave crise de segurança no Mali, mas também os riscos crescentes enfrentados por criadores de conteúdo digital em contextos de conflito armado e instabilidade política.