Influenciadora executada por jihadistas no Mali após acusação de espionagem
Influenciadora executada por jihadistas no Mali

Influenciadora é executada publicamente no Mali após ser confundida com espiã

A jovem influenciadora digital Mariam Cissé, de pouco mais de 20 anos, foi sequestrada e executada publicamente por supostos jihadistas no norte do Mali. O crime ocorreu na sexta-feira, 7 de novembro de 2025, após a jovem ser acusada de colaborar com o exército do país.

Detalhes do sequestro e execução

De acordo com familiares, Mariam foi sequestrada em 6 de novembro em um mercado de Tonka, sua cidade natal. No dia seguinte, ela foi levada até uma praça pública da cidade, onde foi executada com quatro tiros à queima-roupa.

"Os terroristas a viram filmando. Pensaram que ela os estava espionando", relatou o tio da vítima, que testemunhou a execução. "Na hora da execução, eles a levaram em duas motocicletas. Eram quatro homens. Vendaram seus olhos. Depois, atiraram nela à queima-roupa. Ela foi atingida por quatro balas".

Carreira digital e possível motivação

Mariam Cissé era conhecida por seus vídeos no TikTok, onde tinha mais de 90 mil seguidores. Ela produzia conteúdo sobre sua cidade natal e, em algumas publicações, aparecia vestindo uniforme militar e prestando continência ao Exército do Mali.

Esse tipo de conteúdo pode ter despertado suspeitas entre os militantes do Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (JNIM), afiliado à Al-Qaeda, que atuam na região.

Crise de segurança e econômica no Mali

A execução de Mariam ocorre em um contexto de profunda crise de segurança no Mali, governado por uma junta militar. Desde setembro, jihadistas do JNIM implementam uma estratégia para estrangular a economia do país, impondo bloqueios a diversas cidades e a caminhões de combustível.

O Mali, que não tem saída para o mar, é altamente dependente de importações. Os bloqueios afetaram severamente o abastecimento de combustível, com apenas 110 dos mais de 700 postos de gasolina funcionando de forma esporádica na capital, Bamako.

A situação é tão crítica que escolas e universidades ficaram fechadas por duas semanas devido à falta de combustível, reabrindo apenas em 10 de novembro.

Repercussão internacional

Diante da deterioração da situação, Estados Unidos e Reino Unido anunciaram a retirada de seu pessoal não essencial do Mali. Diversas embaixadas, incluindo a da França, pediram a seus cidadãos que deixem o país.

O presidente da Comissão da União Africana, Mahmoud Ali Youssouf, expressou sua "profunda preocupação" com a situação de segurança no Mali e pediu "ação internacional urgente".

O caso de Mariam remete ao período em que o norte do Mali esteve sob controle de grupos islamistas em 2012, quando mulheres enfrentavam restrições severas e punições extremas.