Trajetória empresarial marcada por controvérsias
Há pelo menos 17 anos que a atuação de Ricardo Magro no mercado de combustíveis desperta suspeitas e investigações. O empresário, que atualmente reside em Miami, nos Estados Unidos, mantém um perfil discreto e raramente aparece diante das câmeras.
Magro possui uma formação em direito e chegou a atuar como advogado, tendo como cliente o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Sua história profissional sempre esteve vinculada ao setor de combustíveis, já que vem de uma família que era proprietária de uma rede de postos de gasolina e também atuava na distribuição.
Aquisição da refinaria e operações policiais
Nascido em São Paulo, Magro se mudou para o Rio de Janeiro em 2004, antes de dar um salto significativo em sua carreira empresarial. Em 2008, ele comprou a antiga refinaria de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, que estava abandonada e à beira da falência.
A empresa, atualmente chamada de Refit, aparece como parte central no esquema de sonegação fiscal investigado na Operação Poço de Lobato. Desde que assumiu o controle da refinaria, o empresário teve uma atuação cercada de controvérsias, denúncias e investigações.
Em agosto deste ano, o nome da Refit surgiu na Operação Carbono Oculto, que investiga a atuação do PCC no mercado de combustíveis. Embora a empresa não tenha sido alvo de buscas nesta operação, foi citada em documentos oficiais que detalham o fluxo comercial da facção criminosa.
Irregularidades e interdição da Refit
Em outubro, uma fiscalização da Agência Nacional de Petróleo (ANP) encontrou irregularidades graves na Refit e determinou a interdição da refinaria. O relatório da ANP afirmou haver indícios de que o complexo não refinava nem uma gota de petróleo, sugerindo que toda a operação poderia estar baseada na importação irregular de combustíveis já refinados.
Desde então, a Refit segue parcialmente interditada. A situação é considerada incomum em qualquer parte do mundo: ser suspeito de ter uma refinaria que não refina.
Além da Refit no Rio de Janeiro, Ricardo Magro também é proprietário de uma refinaria no estado americano do Texas e de uma empresa de consultoria em Portugal.
Em nota, a Refit afirmou que questiona judicialmente os débitos apontados pela Secretaria da Fazenda de São Paulo e que não há qualquer tentativa de ocultar receitas ou fraudar o recolhimento de tributos. Sobre o empresário Ricardo Magro, a assessoria não se manifestou.
O histórico de Magro inclui ainda uma investigação em 2016 por desvios nos fundos de pensão Petros, da Petrobras, e Postalis, dos Correios. Na época, ele chegou a ser preso, mas posteriormente foi absolvido.