A Justiça da comarca de Santos, no litoral paulista, aceitou uma denúncia do Ministério Público e formalizou a acusação de estelionato contra o empresário Eliezer Viana Biasoli Júnior. Ele é acusado de lesar duas empresas de engenharia em um prejuízo total de R$ 746 mil.
O Modus Operandi do Golpe
De acordo com as investigações, Eliezer se apresentava como sócio da Intersantos Assessoria Global e usava sua suposta influência no setor portuário para conquistar a confiança das vítimas. A proposta era atrair investimentos para operações de transporte rodoviário, com a promessa de retornos lucrativos garantidos por contratos vinculados à multinacional CNH Industrial (New Holland).
Inicialmente, os investimentos menores teriam sido remunerados, uma estratégia clássica para criar credibilidade. Com a confiança estabelecida, o empresário convenceu os representantes das empresas a ampliarem drasticamente os aportes. Ele alegava urgência nos pagamentos por conta de alta demanda e "carregamentos extras" da CNH, o que resultou na transferência do valor total de R$ 746 mil para a Intersantos.
Contratos Inexistentes e Investigação
O esquema desmoronou quando as empresas descobriram que os contratos com a CNH não existiam. A própria CNH Industrial informou à polícia que os funcionários citados por Eliezer como responsáveis pelos acordos não fazem parte do seu quadro de colaboradores. As investigações concluíram que ele não mantinha qualquer vínculo real com a empresa.
Os acordos fraudulentos foram firmados entre agosto de 2023 e fevereiro de 2024. As promessas de devolução do dinheiro se estenderam até dezembro de 2024, com o empresário apresentando uma série de justificativas para os atrasos, como auditorias, multas contratuais e bloqueios bancários.
A Defesa do Empresário
Em nota enviada à imprensa, os advogados de defesa de Eliezer, Allan Kardec Iglesias e Bruno Bottiglieri, contestaram a decisão judicial. Eles afirmaram que a aceitação da denúncia "causa estranheza" e que os fatos se resumiriam a um mero desacerto comercial, e não a um crime.
"O Direito Penal deve ser aplicado como última razão, reservado a situações em que outros ramos do Direito se mostrem insuficientes", argumentaram os defensores. Eles reafirmaram a confiança nas instituições e aguardam a citação formal nos autos para apresentar sua defesa técnica.
O caso segue em tramitação na Justiça de Santos, onde Eliezer Viana Biasoli Júnior responderá formalmente pelo crime de estelionato.