Técnico de enfermagem é demitido após golpe do falso médico em Santos
Golpe do falso médico causa demissão em hospital de Santos

Um técnico de enfermagem com quase duas décadas de experiência perdeu o emprego após ser enganado por um golpista que se fazia passar por médico no Hospital Beneficência Portuguesa, em Santos, no litoral de São Paulo. O caso, que violou normas de proteção de dados, ocorreu no dia 12 de dezembro e resultou na demissão por justa causa do profissional.

Como o golpe do falso médico aconteceu

Sidnei Alves Monteiro, de 47 anos, estava em seu posto de trabalho quando atendeu uma ligação interna. Do outro lado da linha, um homem se apresentou como um dos médicos do centro cirúrgico da instituição. Para ganhar credibilidade, o impostor citou nomes completos de pacientes que estavam internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O golpista então solicitou a numeração dos prontuários desses pacientes. Sidnei, que não estava habituado a tarefas administrativas e não encontrou uma secretária para ajudar, acabou atendendo ao pedido. "Prestes a desligar o ramal, devido ao tempo que estava perdendo, o golpista pediu meu celular e pediu que eu fotografasse os prontuários com os números destes, e assim fiz inocentemente", relatou o técnico, afirmando ter enviado apenas a capa dos documentos, sem dados de contato.

As consequências imediatas e a demissão

A tentativa de golpe foi descoberta quando uma das pacientes, alvo do estelionatário, desconfiou do contato e alertou o hospital. Na tarde do mesmo dia, por volta das 16h, Sidnei foi chamado pela gerência de enfermagem, pois seu nome aparecia na foto do prontuário que o criminoso utilizou.

O Hospital Beneficência Portuguesa emitiu uma nota detalhando as razões da demissão. A instituição afirmou que o técnico descumpriu normas internas, especialmente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e as diretrizes de segurança da informação e do paciente. Além de expor dados pessoais, ele fotografou a tela do computador da instituição, usou seu celular pessoal para o contato e forneceu informações sobre um paciente de um setor diferente do seu.

"Minha carreira de 18 anos foi manchada por eu levar o golpe, eu sou o culpado pelo golpe?", questionou Sidnei, que agiu de boa fé pensando em ajudar nas investigações. Ele registrou um boletim de ocorrência pela Delegacia Eletrônica e pretende processar o hospital.

Impacto pessoal e investigações policiais

O profissional, que é Pessoa Com Deficiência (PCD) com visão monocular, expressou profunda tristeza e preocupação com o futuro. "Me sinto triste e abalado... sou pai de família e em pleno Natal fiquei desempregado", lamentou, consciente das dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) confirmou que o caso foi registrado como estelionato no 2º Distrito Policial de Santos. A vítima foi orientada sobre a necessidade de representação criminal para que as investigações prossigam.

O hospital reiterou, em seu posicionamento, que todos os colaboradores são instruídos a fornecer informações sobre pacientes apenas com autorização formal e pelo médico responsável, seguindo rigorosos protocolos éticos e técnicos.