
Não é fácil digerir certas cenas. Quatro bolinhas de pelo, tremendo de medo e fome, amontoadas numa caixa de papelão. Assim foram encontrados os filhotes na movimentada Rua dos Bandeirantes, coração comercial de Cabo Frio. Pelas contas dos comerciantes da região, os pequenos estavam ali desde o amanhecer.
"Parecia que alguém tinha colocado a caixa e saído correndo", conta Mariana, dona de uma loja próxima, ainda com a voz embargada. "O mais revoltante? Dois deles ainda tinham a coleira. Alguém simplesmente desistiu."
O que diz a lei?
No Brasil, abandonar animais é crime previsto no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98). A pena? Multa e detenção de três meses a um ano. Mas vamos combinar: na prática, quantos casos você viu serem de fato punidos?
Enquanto isso, os filhotes:
- Um macho da cor caramelo, o mais assustado do grupo
- Duas fêmeas tricolores, inseparáveis
- Outro macho, todo preto, que não parava de chorar
Foram levados por voluntários de uma ONG local que, pasmem, já está com o triplo da capacidade. "Temos 90 cães para 30 vagas", desabafa Carlos, um dos resgatistas. "Mas dizer não? Impossível."
E agora?
Se você está pensando "eu adotaria, mas...", pare aí mesmo. As desculpas todos conhecemos. O fato é que abandono não se justifica. Nem por mudança, nem por alergia, muito menos por "não sabia que crescia tanto".
Para quem quer ajudar mas não pode adotar:
- Doações de ração são sempre bem-vindas
- Compartilhar casos nas redes aumenta as chances de adoção
- Oferecer-se para ser lar temporário faz diferença
Enquanto os filhotes se recuperam num cantinho improvisado, a pergunta que fica: quando é que a gente vai entender que animal não é brinquedo? Que pode ser descartado quando enjoa ou dá trabalho? Difícil responder. Mas fácil é reconhecer: casos como esse mostram que ainda temos um longo caminho pela frente.