
Não é miragem, não é delírio coletivo — é pura realidade carioca se manifestando da forma que melhor sabe: com música, fantasia e irreverência. O Rio de Janeiro, sempre ele, vai ferver em pleno outubro com um carnaval totalmente fora de época. E o motivo? Ah, o motivo é tão político quanto festivo.
Imagine só: o prefeito Eduardo Paes, com aquele jeito despojado que só ele tem, deu aval verde e amarelo (ops, verde e rosa, melhor dizer) para um bloco comemorar publicamente a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Tribunal Superior Eleitoral. A ironia? Deliciosamente carioca.
Não é brincadeira — ou melhor, é sim!
O tal bloco, que já nasce com o sugestivo nome de "Bloco do Xandão" — uma clara referência ao ministro Alexandre de Moraes —, está marcado para o dia 7 de outubro. Sim, um sábado. A concentração será no Aterro do Flamengo, local clássico de manifestações que vão do político ao puramente festivo.
E não pense que a coisa é improvisada. Os organizadores, um grupo de advogados e militantes de esquerda que preferem não se identificar — quem nunca? —, já têm até repertório musical escolhido. Segundo rumores que correm soltos, músicas com críticas veladas (e nem tão veladas assim) ao ex-presidente devem dominar o trio elétrico.
E a cidade, o que acha?
O Paes, sempre esperto, já soltou a frase: "A cidade é do povo". E parece que o povo quer festejar essa decisão judicial como se fosse gol do Flamengo no Maracanã. Nas redes sociais, a adesão é enorme. Claro, a rejeição também — porque unanimidade, no Brasil? Só no samba-enredo.
Mas a verdade é que o evento já nasce polêmico. Alguns criticam a politização de uma festa tradicionalmente apartidária. Outros veem como uma apropriação justa do espaço público para celebrar uma vitória jurídica. E no meio disso tudo, o comércio local esfrega as mãos: venda de fantasias, bebidas e adereços deve bombear num mês tradicionalmente morno.
É o Rio sendo Rio, meus amigos. Onde a política vira samba, a justiça vira marchinha e tudo acaba em frevo — mesmo que fora de época. E aí, vai pular?