Elefantes brancos: 5 prédios abandonados que desvalorizam Porto Velho
Prédios abandonados desvalorizam Porto Velho

Quem circula pelas ruas de Porto Velho se depara com um cenário que se repete em diferentes pontos da cidade: imponentes construções paradas no tempo, conhecidas como "elefantes brancos". Estas obras inacabadas e abandonadas há anos tornaram-se parte da paisagem urbana da capital rondoniense.

O impacto negativo dos prédios fantasmas

Segundo o professor de engenharia Harrisson Rodrigues, coordenador do Projeto de Extensão Engenharia Solidária, os edifícios abandonados causam diversos problemas à comunidade. Eles provocam a desvalorização dos imóveis vizinhos, aumentam o risco de proliferação de mosquitos e são frequentemente ocupados por pessoas em situação de rua.

O corretor de imóveis Ednaldo Pereira confirma o impacto no mercado imobiliário local. Ele revela que muitas negociações não se concretizam exatamente pela proximidade com prédios abandonados. Os compradores consideram essas regiões inseguras e desvalorizadas.

Os cinco elefantes brancos mapeados

O projeto Engenharia Solidária já identificou cinco construções abandonadas que marcam a cidade:

  • Condomínio Porto Real localizado na Avenida Rio Madeira, Bairro Agenor de Carvalho
  • Edifício Millennium na Rua Afonso Pena, Centro
  • Antigo hotel luxuoso Vila Rica, considerado um marco histórico da cidade
  • Antigo Shopping Popular
  • Prédio da Avenida Rio Madeira em frente ao Porto Velho Shopping

Ednaldo Pereira explica que a maioria desses imóveis está envolvida em disputas judiciais. Os herdeiros não chegam a um acordo sobre o destino da propriedade, o que faz com que os casos se arrastem por anos na Justiça. O corretor relata ter negociado um imóvel com 16 herdeiros, onde a falta de consenso sobre o preço adiou a venda tempo suficiente para danificar seriamente a estrutura.

Propostas de revitalização para transformar a cidade

O projeto Engenharia Solidária desenvolveu propostas específicas para cada um dos elefantes brancos:

Para o Condomínio Porto Real, que está em risco de colapso e sem chances de recuperação, a solução é a demolição controlada. No terreno seria construído o Centro Integrado da Criança e do Adolescente (CICA), dando nova função social ao espaço.

O Edifício Millennium deve passar por revitalização completa para se transformar em um centro educacional sustentável, com salas de aula e até uma horta comunitária.

O Antigo Shopping Popular será requalificado para uso comercial e social, com objetivo de incentivar o empreendedorismo local e transformar o espaço em um polo econômico e turístico.

Já o Prédio da Avenida Rio Madeira, apesar das fissuras causadas pela falta de manutenção, ainda pode ser recuperado. A proposta é convertê-lo no "Memorial Rondônia", espaço cultural e educativo com salas de exposição, auditório, áreas verdes e uso de energia sustentável.

O antigo hotel Vila Rica já tem destino definido: será transformado em um hospital através de iniciativa da Faculdade Católica de Rondônia (FCR) em parceria com a IRB Prime Care.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento da Cidade (Semdec) informou que ainda não possui um levantamento completo dos prédios abandonados na capital. Entre os imóveis analisados pela prefeitura está o antigo Teatro Municipal, que pode ser transformado em escola municipal de balé ou música.

Até o fechamento desta reportagem, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Rondônia (CREA-RO) não havia se manifestado sobre os questionamentos relacionados aos prédios abandonados em Porto Velho.