A implosão do antigo e emblemático Hotel Torre Palace, localizado no centro de Brasília, foi adiada. A empresa responsável pela obra, a RVS Construções, informou que a demolição controlada agora está marcada para o dia 25 de janeiro. O horário exato do evento ainda será divulgado.
Do abandono a um novo projeto de luxo
Fechado desde 2013, o Torre Palace foi adquirido por um grupo econômico do setor hoteleiro, que finalmente definiu o destino do terreno. A carcaça do que já foi o primeiro hotel de luxo da capital federal dará lugar a um novo empreendimento de alto padrão.
Em outubro, o conselheiro do grupo, Marcos Cumagai, adiantou à TV Globo os planos para o espaço. A proposta é erguer um hotel de luxo com cerca de 250 apartamentos, com a ambição de trazer um restaurante com estrela Michelin e um spa internacional para Brasília, contribuindo para o turismo local.
"Este é um sonho antigo do grupo", afirmou Cumagai, destacando o ponto estratégico e privilegiado do terreno. Ele revelou que as tentativas anteriores de aquisição esbarraram em uma complexa teia de questões jurídicas, dívidas e imbróglios familiares. A negociação bem-sucedida com os herdeiros levou um ano e meio e incluiu a quitação de todas as dívidas do antigo hotel.
Uma história de glória, conflitos e decadência
O Torre Palace funcionou por 40 anos, mas entrou em ostracismo após a morte de seu fundador, o empresário libanês Jibran El-Hadj, nos anos 2000. A herança, avaliada na época em R$ 200 milhões, foi disputada pela esposa e seis filhos, resultando em desavenças familiares e longas batalhas judiciais.
Em 2007, três filhos saíram da sociedade e ingressaram na Justiça pedindo parte da herança, estimada em R$ 51 milhões. O imbróglio legal fez com que o prédio fosse penhorado antes mesmo de uma venda ser concretizada, culminando no fechamento definitivo em 2013.
O abandono transformou o local em um grave problema social:
- Virou ponto de uso de drogas e convivência de moradores de rua.
- Janelas e o hall de entrada foram quebrados por vândalos.
- A fachada foi pichada e danificada.
Em 2016, o Governo do Distrito Federal (GDF) realizou uma operação de desocupação que durou 40 minutos, envolvendo 200 homens do Batalhão de Choque e do Bope, dois helicópteros e o uso de balas de borracha. O custo da operação foi de R$ 802,94 mil, valor que o GDF tentou, sem sucesso, recuperar dos proprietários.
Longo caminho até a demolição
O prédio ficou em um "limbo jurídico" por anos, impedindo sua restauração, venda ou demolição. Em 2020, foi a leilão por determinação da Justiça do Trabalho para pagar dívidas trabalhistas, com avaliação inicial de R$ 35 milhões. Após seis dias sem lances, foi arrematado por R$ 17,6 milhões, mas a empresa desistiu da compra.
Somente agora, com a aquisição pelo novo grupo hoteleiro e a resolução dos entraves legais, o fim da estrutura decadente se tornou realidade. A implosão, inicialmente prevista para o domingo, 21 de janeiro, foi transferida para a quinta-feira seguinte, dia 25, marcando o início de uma nova era para um dos endereços mais simbólicos e problemáticos do Plano Piloto.