Brasileiro Rodrigo Koxa pode quebrar recorde mundial de maior onda surfada em Nazaré
Koxa pode quebrar recorde mundial de maior onda em Nazaré

O cenário do surfe mundial pode testemunhar uma nova mudança no topo do ranking das maiores ondas já surfadas. O brasileiro Rodrigo Augusto do Espírito Santo, o Rodrigo Koxa, de 46 anos, natural de Guarujá (SP), realizou uma manobra histórica na última sexta-feira (19) na Praia do Norte, em Nazaré, Portugal.

Uma onda para entrar na história

Koxa deslizou por uma parede de água que, segundo as primeiras medições extraoficiais, atingiu a marca impressionante de 29,15 metros de altura – equivalente a um prédio de dez andares. Se confirmada oficialmente, essa medida superará o recorde atual, de 26,21 metros, estabelecido pelo alemão Sebastian Steudtner em outubro de 2020, que por sua vez havia batido a marca anterior, também pertencente ao próprio Koxa.

Em entrevista, o surfista descreveu a experiência como a "onda da vida". Ele destacou não apenas o tamanho colossal, mas a formação triangular e a força brutal proporcionadas pelo famoso Canhão da Nazaré. "Surfei ela no pico, desci no meu limite e tive vontade de abortar por várias vezes. Foi a onda da minha vida", contou Koxa. "Quando eu entrei no tubo, parecia uma máquina do tempo me sugando. Cabia um ônibus dentro dela".

O perigo foi constante. O atleta chegou a temer por sua integridade física devido à proximidade com as pedras e à velocidade estimada em 80 km/h. Ele atribui o sucesso à precisão do "tow-in" (reboque com jet ski) feito por seu parceiro Vitor Faria, que o colocou no ponto exato para a captura da onda.

Michelle de Boullions também mira recorde feminino

Na mesma esteira de conquistas, a carioca Michelle de Boullions acredita ter superado o recorde feminino durante a etapa do WSL Big Wave Surfing 2024/25, também realizada em Nazaré neste mês. A marca atual pertence à brasileira Maya Gabeira, que surfou uma onda de 22,4 metros em 2020.

"Não foi só o mais gigante, mas o mais perfeito dos últimos tempos. Essa perfeição toda me deixou mais empolgada ainda. Eu acho que sim (quebrou o recorde), tem tudo ao meu favor, foi muito grande mesmo", declarou Michelle. A britânica Laura Crane também pegou uma onda com potencial recorde na mesma competição, aguardando as medições oficiais.

O processo de homologação e o fenômeno de Nazaré

A confirmação dos recordes depende de uma análise minuciosa. As medições iniciais foram feitas por Paulo Vinicius Lopes, o mesmo especialista que analisou a onda de Koxa em 2017. O método compara o tamanho da canela do surfista com a altura da onda em imagens e vídeos, considerando também o movimento do atleta e o trajeto percorrido.

A responsabilidade final pela validação agora é da Liga Mundial de Surfe (WSL), que repassou a tarefa ao norte-americano Bill Sharp, do Big Wave Challenge, e à equipe do Guinness World Records. Sharp já admitiu que essas ondas recentes serão analisadas. Se a medição de Koxa for superior a 26,21 metros, o novo recorde será homologado.

O cenário por trás dessas ondas monstruosas é o Canhão da Nazaré, uma ravina submarina com cerca de 230 km de extensão e mais de 5.000 metros de profundidade em alguns pontos. Esse acidente geográfico funciona como um funil, amplificando a energia das ondas do Atlântico e criando as condições únicas que tornam Nazaré a capital mundial do surfe de ondas gigantes.

A prática só é possível com o uso de jet skis para o "tow-in" e conta com uma complexa operação de segurança, incluindo um "spotter" (observador) que orienta os surfistas por rádio. O fenômeno transformou a pequena cidade portuguesa de 15 mil habitantes, que vive um boom de turismo de surfe desde 2011, quando o havaiano Garrett McNamara surfou uma onda de 23,8 metros no local.

Com essa manobra histórica, Rodrigo Koxa se torna forte candidato ao prêmio anual "Big Wave Challenge", cujo resultado deve ser anunciado por volta de abril. Enquanto isso, a comunidade do surfe aguarda, com expectativa, a palavra final dos recordes.