
Pois é, a natureza grita por socorro — e dessa vez, o chamado veio de Itariri, uma cidade do interior paulista que virou palco de um crime ambiental dos grandes. A Polícia Militar Ambiental acabou de desbaratar uma fábrica clandestina que, pasmem, processava palmito juçara, uma espécie que já está com os dias contados na Mata Atlântica.
Não foi por acaso. A operação surgiu depois de denúncias anônimas — aquela velha história de que alguém sempre desconfia. E olha, valeu cada minuto de investigação. Os policiais chegaram ao lugar e se depararam com uma estrutura totalmente irregular, sem a menor condição de funcionar — e muito menos de manipular alimentos.
E a cena era de cortar o coração: centenas de palmitos juçara, extraídos de forma predatória, prontos para serem enlatados e vendidos como se fossem legais. Uma afronta à lei e um tapa na cara da biodiversidade.
O que foi apreendido?
A lista é longa — e revoltante. Olha só:
- Mais de 600 quilos de palmito in natura, cru, pronto para o processamento ilegal.
- Quase 300 unidades de palmito já enlatado, embalado de qualquer jeito, sem registro, sem controle, sem nada.
- Dezenas de vidros cheios do produto, todos sem rótulo, sem origem, sem segurança.
- E ainda: latas, equipamentos de corte, seladoras — tudo improvisado, tudo errado.
Nada de alvará, nada de autorização ambiental, nada de respeito pelas normas. Só lucro fácil sobre a destruição.
E o pior: o juçara está morrendo
O palmito juçara não é qualquer um. Ele é vital para a regeneração da Mata Atlântica — os animais dependem dos seus frutos, a floresta depende da sua sombra. Mas a extração descontrolada está acabando com ele. E operações como essa mostram que a ganância ainda fala mais alto.
Os donos da fábrica — que ainda não foram identificados — podem responder por crime ambiental, com pena que vai de 1 a 3 anos de detenção, mais multa. Pouco? Talvez. Mas a mensagem é clara: a Polícia Ambiental está de olho.
E agora, o material apreendido vai ser doado — comestível ou não, o destino será instituições que possam dar um fim adequado, sem risco à saúde.
Enquanto isso, a pergunta que fica é: até quando vamos permitir que negócios clandestinos ponham em risco o pouco que nos resta de natureza? A operação em Itariri é um alívio, mas a guerra — essa está longe de acabar.