94% dos jovens da Geração Z já sentem efeitos das mudanças climáticas no Brasil
Pesquisa: 91% dos brasileiros sofrem com clima extremo

Uma pesquisa recente do Instituto Locomotiva trouxe um retrato claro de como os brasileiros estão vivenciando as transformações do clima. O estudo, concluído em dezembro de 2025, mostra que os efeitos das mudanças climáticas já são uma realidade concreta na rotina da esmagadora maioria da população, com um impacto que varia significativamente entre gerações e gêneros.

Geração Z na linha de frente do clima extremo

Os dados revelam um forte recorte geracional na percepção do problema. Entre os jovens da chamada Geração Z, aqueles nascidos entre 1990 e 2010, a sensação de impacto é quase unânime. 94% deles afirmam que seu cotidiano já foi afetado por eventos de clima extremo. Em contraste, entre os "baby boomers" (nascidos entre 1946 e 1964), o percentual, ainda alto, é de 86%.

O levantamento também identificou uma diferença de gênero. As mulheres se mostram mais sensíveis aos efeitos das alterações no clima: 60% delas relatam que sua vida já sofreu impactos, uma proporção maior em relação aos homens.

Um país sob pressão climática

No panorama geral, os números são contundentes. 91% dos brasileiros, o que corresponde a aproximadamente 148 milhões de pessoas, declararam perceber consequências das mudanças climáticas em seu dia a dia. Apenas 9% da população disse não sentir qualquer tipo de impacto.

Essas consequências se manifestam de diversas formas, conforme o estudo. Os entrevistados citaram desde eventos climáticos extremos e alterações bruscas de temperatura até problemas de saúde diretamente relacionados, riscos ambientais crescentes e desafios urbanos agravados, como enchentes e deslizamentos.

Um marcador social da nova realidade

Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, os dados vão além de uma simples medição de percepção. Ele define a "experiência climática" no Brasil como um forte marcador social. "Mais do que sentir calor ou enfrentar enchentes, estamos falando de como diferentes gerações e grupos sociais vivenciam desafios distintos em um mesmo país", afirmou Meirelles.

O especialista destacou o alerta dado pelos jovens. "Quando os jovens dizem que o clima mudou sua rotina, eles estão, na verdade, apontando para um futuro que já chegou e que exige respostas muito mais rápidas do que estamos acostumados a dar", declarou.

A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas digitais de autopreenchimento, entre uma amostra de 1.499 brasileiros com 18 anos ou mais, de todas as regiões do país. A metodologia utilizada foi de amostra probabilística, ponderada por gênero, faixa etária, escolaridade, região e classe social. O estudo possui uma margem de erro de 2,5 pontos percentuais.