
Parece que o asfalto vai ter que esperar. Um acordo de bastidores — desses que a gente só descobre quando tudo já está decidido — colocou um freio de arrumação nas obras no entorno do Parque Estadual do Prosa, em Campo Grande. E não é por pouco tempo: 240 dias de respiro para a natureza, enquanto o debate esquenta.
Quem acompanha o vai-e-vem das retroescavadeiras na região já percebia que o assunto ia dar pano pra manga. De um lado, a pressão por desenvolvimento urbano; do outro, aquele velho dilema entre progresso e preservação. Dessa vez, a balança pendeu — pelo menos temporariamente — para o lado dos ipês e dos bugios.
O que está em jogo?
O acordo judicial, assinado com ares de trégua, determina:
- Paralisia total das máquinas até fevereiro de 2026
- Estudos ambientais aprofundados (aqueles que deveriam ter saído do papel antes do primeiro caminhão de terraplanagem)
- Criação de um comitê de acompanhamento com participação popular — sim, isso mesmo, você pode ter voz ativa nessa história
E olha que interessante: o Ministério Público Estadual, que entrou com a ação, alega que as obras estavam rolando sem o devido cuidado com as espécies nativas da região. Alguém aí lembrou do mico-leão-dourado? Pois é.
E agora, José?
Enquanto os empresários do setor imobiliário devem estar mordendo a carteira — afinal, tempo parado é dinheiro voando —, os ambientalistas comemoram com cautela. "Vitória parcial", definiu um biólogo que prefere não se identificar. "Agora é hora de provar que desenvolvimento e conservação podem, sim, andar de mãos dadas."
O que ninguém conta é que essa história tem mais camadas que uma cebola. O Parque do Prosa não é qualquer pedaço de mato: ele abriga nascentes que abastecem parte da cidade e serve de corredor ecológico para animais que já estão com os dias contados pela expansão urbana.
E você, o que acha? Será que daqui a oito meses vamos ver um acordo que beneficie ambos os lados, ou a briga vai continuar sem vencedores? Uma coisa é certa: o relógio começou a contar, e a natureza — pelo menos por enquanto — ganhou uma trégua.