Pesquisa busca alternativa ao mercúrio na mineração
O governo de Mato Grosso anunciou nesta quarta-feira (26) uma pesquisa inédita para substituir o uso do mercúrio na extração de ouro no estado. O anúncio foi realizado durante a abertura da Expominério 2025, em Cuiabá, marcando um avanço nas discussões sobre mineração sustentável.
Os recursos para essa iniciativa serão provenientes da taxa estadual destinada ao controle, acompanhamento e fiscalização das atividades minerárias. O valor será utilizado para custear um laboratório de análise de solo que permitirá a realização da pesquisa em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Riscos ambientais e avanços anteriores
O mercúrio é amplamente utilizado no garimpo para separar o ouro da terra, mas essa prática representa sérios riscos à saúde humana e ao meio ambiente. A substância tem alto potencial de contaminação do solo e dos rios, afetando ecossistemas inteiros e comunidades locais.
Em 2022, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) já havia aprovado a utilização de uma máquina que separa o ouro sem o uso de mercúrio em Poconé, município localizado a 104 km de Cuiabá. Esse equipamento representou um primeiro passo na direção de métodos mais sustentáveis de mineração.
Compromisso com acordos internacionais
A nova iniciativa atende ao Protocolo de Minamata, acordo internacional do qual o Brasil é signatário, que tem como objetivo restringir o uso de mercúrio e reduzir a poluição ambiental. O protocolo estabelece diretrizes globais para a diminuição progressiva do uso dessa substância tóxica em diversos setores, incluindo a mineração.
Durante o evento, o governador Mauro Mendes (União) afirmou que a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec) estuda outras alternativas para utilizar os recursos conforme a legislação vigente. O objetivo declarado é criar novos mecanismos para impulsionar o setor mineral no estado, embora detalhes específicos ainda não tenham sido divulgados.
Certificações para mineração responsável
Em paralelo à pesquisa sobre substituição do mercúrio, o governador sancionou a lei que cria o selo mineral social e o selo mineral sustentável. Essas certificações irão reconhecer empresas que adotem boas práticas sociais, ambientais e de governança, estimulando a mineração responsável no estado.
Segundo dados da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), a mineração gera mais de oito mil empregos diretos no estado e possui potencial significativo para ampliar a agregação de valor à produção mineral regional.
A medida representa um avanço na conciliação entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental, buscando equilibrar os interesses do setor produtivo com a necessidade urgente de proteger os recursos naturais para as gerações futuras.
