Mar Avança e Vira Casas de Ponta-Cabeça: PB Perde 80 Metros de Praia em 40 Anos
Mar avança e vira casas na PB: 80m de praia sumiram

Quem visita hoje a Praia de Ponta de Campina, em Cabedelo, dificilmente imagina que aquela paisagem já foi completamente diferente. O mar, num movimento lento mas implacável, vem reconquistando território — e o resultado é assustador. Em quarenta anos, a costa simplesmente recuou o equivalente a um campo de futebol. Impressionante, não?

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba mapearam essa transformação silenciosa. Utilizando imagens de satélite e sobrevoos, eles constataram o óbvio ululante: o oceano não pede licença. Entre 1985 e 2025, a faixa litorânea encolheu entre 50 e 80 metros em alguns trechos. É como se a cada ano desaparecesse uma sala de estar inteira para dentro d'água.

O Drama Real Por Trás dos Números

Mas os números, frios na página, não contam a história completa. O verdadeiro drama está nas casas que literalmente viraram de ponta-cabeça — algumas já tombadas, outras prestes a seguir o mesmo caminho. Moradores que construíram suas vidas à beira-mar agora assistem, impotentes, enquanto o chão desaparece literalmente debaixo de seus pés.

"A gente vai dormir sem saber se amanhã a casa ainda vai estar aqui", desabafa um morador que prefere não se identificar. O medo, nessas circunstâncias, torna-se um companheiro diário.

Por Que Isso Está Acontecendo?

Os especialistas apontam várias causas entrelaçadas — e a ação humana está no centro de tudo. A construção de portos e quebra-mares modificou as correntes marinhas naturais, enquanto a retirada de areia e vegetação das dunas removeu barreiras de proteção naturais. É como tirar os freios de um carro em descida.

E tem mais: as mudanças climáticas globais estão intensificando esse processo. O nível do mar sobe, as tempestades ficam mais frequentes e violentas, e o resultado é essa erosão acelerada que assusta qualquer um.

E Agora, José?

A situação é complexa — e as soluções, também. Algumas famílias já foram realocadas, mas muitas ainda aguardam por uma resposta definitiva das autoridades. Enquanto isso, o mar não espera. Ele continua seu trabalho paciente de remodelar a costa, indiferente aos dramas humanos que causa.

O caso de Cabedelo serve como alerta para todo o litoral brasileiro. Se nada for feito, quantas outras comunidades enfrentarão o mesmo destino? A pergunta fica no ar, tão pesada quanto a água que avança sobre a areia.