
Parece que a festa foi curta demais para os amantes da Lagoa Esverdeada. Mal tinham anunciado a retomada dos passeios de barco — algo que todos aguardavam ansiosamente — e já estamos de volta à estaca zero. A ironia é dura, mas real.
Um vídeo que circulou feito rastilho de pólvora nas redes sociais nesta segunda-feira mostra a lagoa com aquela aparência que ninguém quer ver: água esverdeada, turva, daquelas que fazem a gente franzir a testa e pensar duas vezes antes de mergulhar. E olha que não é pouca gente pensando — a prefeitura já reagiu suspendendo tudo de novo.
De volta ao ponto de partida
A decisão da prefeitura veio rápido, quase na esteira do vídeo viral. Na última sexta-feira (10), tinham liberado os passeios após laudos técnicos — sim, aqueles documentos que supostamente garantem que está tudo bem — indicarem condições seguras. Mas entre o papel e a realidade… bem, às vezes há um abismo.
O que me deixa pensativo é como as coisas mudam rápido. Quatro dias. Só quatro dias separaram a euforia da retomada da frustração de nova suspensão. É daquelas situações que fazem a gente questionar: será que deram tempo suficiente para a natureza se recuperar?
O vídeo que mudou tudo
As imagens que viralizaram não deixam margem para dúvidas — a água está visivelmente diferente daquela transparência que todos esperam de uma lagoa que virou cartão-postal. O verde é intenso, quase artificial, e a turbidez lembra aqueles dias de chuva forte que revolvem o fundo dos rios.
E o pior? As gravações foram feitas justamente durante um dos tais passeios de barco que tinham sido liberados. Ironicamente, foram os próprios turistas — os maiores interessados no retorno das atividades — que capturaram as evidências que forçaram nova paralisação.
O que dizem as autoridades
A prefeitura de Carmo do Cajuru, através de sua assessoria, confirmou o óbvio ululante: os passeios estão suspensos até segunda ordem. O comunicado foi seco, direto — daqueles que não deixam espaço para interpretações otimistas.
O que ninguém está dizendo, mas todo mundo percebe, é que há um jogo de empurra-empurra em curso. De um lado, a pressão pelo turismo, pela geração de renda, pela normalidade. Do outro, a realidade teimosa de um ecossistema que parece não estar pronto para tanta atenção.
E no meio disso tudo, nós — moradores, turistas, curiosos — ficamos naquele limbo entre a vontade de aproveitar o cartão-postal e o medo de que estejamos acelerando um processo de degradação.
E agora, José?
A pergunta que fica é incômoda, mas necessária: quando — e se — os passeios voltarão de fato? Desta vez, parece que a cautela será maior. Apressar-se trouxe resultados pífios, para não dizer constrangedores.
O que me preocupa, francamente, é o efeito pingue-pongue nessa história. Libera, suspende, libera de novo, suspende outra vez. Isso desgasta a credibilidade do destino turístico e gera uma insegurança danada em quem planeja visitar a região.
Talvez — e digo isso com o pé atrás de quem já viu muitas "soluções" milagrosas — seja hora de encarar que alguns processos naturais simplesmente não obedecem ao nosso calendário de desejos. A natureza tem seu próprio ritmo, teimoso e indiferente às nossas pressas.
Enquanto isso, a Lagoa Esverdeada segue lá — bela, misteriosa e, pelo visto, ainda não totalmente compreendida por nós.