Ibama dá sinal verde para Petrobras explorar petróleo na Foz do Amazonas após 12 anos de impasse
Ibama autoriza Petrobras explorar Foz do Amazonas

Em uma decisão histórica que encerra mais de 12 anos de debates acalorados, o Ibama autorizou a Petrobras a realizar pesquisas exploratórias para buscar petróleo na Bacia da Foz do Amazonas. A licença, concedida nesta segunda-feira (20), representa um marco para o setor energético brasileiro, mas acende o alerta de ambientalistas.

O que muda com esta autorização?

A empresa recebeu permissão para perfurar um poço exploratório na área conhecida como Bloco FZA-M-59, localizada a aproximadamente 160 quilômetros do litoral do Amapá. A profundidade da água no local chega a 2.800 metros, caracterizando uma operação em águas ultraprofundas.

Condicionantes ambientais rigorosas

O Ibama estabeleceu 57 condicionantes específicas que a Petrobras deverá cumprir rigorosamente durante as operações. Entre as principais exigências estão:

  • Monitoramento contínuo de mamíferos aquáticos, especialmente botos e baleias
  • Plano detalhado de contingência para emergências ambientais
  • Restrições operacionais durante períodos de reprodução de espécies sensíveis
  • Monitoramento da qualidade da água e do ar

Uma longa trajetória de debates

Esta não é a primeira vez que a Petrobras tenta explorar a região. Em 2014 e 2015, a empresa já havia solicitado licenças para a mesma área, mas os processos foram arquivados por falta de informações consideradas essenciais pelo órgão ambiental.

O atual processo começou a ser analisado em 2023, representando a retomada de um projeto estratégico para a companhia. A Bacia da Foz do Amazonas é considerada uma das fronteiras exploratórias mais promissoras do país, com potencial para abrigar reservas semelhantes às do pré-sal.

O dilema ambiental

A região é reconhecida pela sua alta sensibilidade ecológica, abrigando:

  1. O maior manguezal contínuo do mundo
  2. Áreas de reprodução de espécies ameaçadas
  3. Corredores migratórios de mamíferos marinhos
  4. Recifes de corais únicos

Estudos técnicos apontam que um eventual vazamento de óleo na área poderia afetar não apenas o litoral brasileiro, mas também atingir cinco países do Caribe em um cenário crítico.

Próximos passos

A autorização do Ibama permite apenas a fase de pesquisa. Caso seja encontrado petróleo em quantidade comercial, a Petrobras precisará solicitar novas licenças para avançar para a fase de produção, o que deve gerar novos debates e análises ambientais.

Enquanto o governo federal comemora a decisão como um avanço para a soberania energética do país, organizações ambientalistas já sinalizam que podem recorrer da decisão na Justiça, garantindo que a polêmica sobre a exploração na Foz do Amazonas está longe do fim.