Problema ambiental assusta moradores da Baixada Fluminense
Há anos, os residentes da Estrada de Adrianópolis, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, convivem com uma situação desagradável que afeta seu dia a dia. Uma fábrica de sabão e detergente está exalando um cheiro considerado insuportável por toda a vizinhança, criando um problema que vai muito além do desconforto olfativo.
Cena aterradora atrai atenção
Na quinta-feira (20), imagens aéreas revelaram uma cena que explica parcialmente o fenômeno: duas carretas carregadas com carcaças de bois estacionadas no local, cercadas por milhares de urubus. As aves, conhecidas por seu olfato apurado, são atraídas pelos ossos e sebo animal utilizados na produção de sabão pela empresa.
A enfermeira Luana Ferreira descreve a situação com frustração: "É um cheiro insuportável com o qual a gente convive aqui há anos e não muda. Um cheiro que vai muito longe, até bairros vizinhos". Sua declaração reflete o sentimento geral da comunidade local.
Impacto na saúde e no comércio
Os efeitos do odor vão além do simples incômodo. Nos dias mais quentes, o cheiro invade as residências e causa problemas de saúde como náuseas e dificuldade para respirar. A dona de casa Rafaela Monteiro revela a estratégia de sobrevivência adotada pelas famílias: "Tem que ficar com a casa toda fechada, o dia todo. Aí não entra o cheiro".
O comércio local também sofre as consequências. Simone Regilene, que abriu uma loja de maquiagem em frente à fábrica há menos de um mês, já sente o impacto: "A gente prefere ficar assim, dentro da loja, para pegar um ventinho melhor, do que ficar do lado de fora. Tem dia que é insuportável".
Preocupação com a fumaça e saúde dos trabalhadores
Além do mau cheiro, a fumaça que sai da chaminé da fábrica preocupa os moradores. Neci Ernesto, mãe de um funcionário da empresa, compartilha sua angústia: "Meu filho teve problema de saúde, de respiração. Eles falam que eles mesmos não suportam o cheiro. Mas tem que trabalhar, né?". Mesmo usando máscaras de proteção, muitos trabalhadores voltam para casa passando mal.
A pensionista Flávia de Oliveira resume a sensação de abandono sentida pela comunidade: "Ninguém faz nada. Já fizeram manifestação, abaixo-assinado, fizeram de tudo". Os moradores afirmam que a empresa prometeu, mas nunca apresentou o relatório de impacto ambiental na vizinhança, documento essencial para avaliar os efeitos da fábrica na qualidade de vida do entorno.
Posicionamento da empresa
Em nota oficial, a Grande Rio Alimentos, identificada como uma das maiores fabricantes de sabão em barra do estado e parte do GR Grupo (que também controla a GR Higiene e Limpeza), defendeu suas operações. A empresa afirmou que investe em tecnologias e processos voltados à neutralização de odores e opera em conformidade com normas técnicas e ambientais.
A companhia reiterou seu compromisso com a preservação do meio ambiente e com o diálogo transparente, colocando-se à disposição para prestar esclarecimentos e acolher sugestões da comunidade.
Enquanto isso, os moradores seguem esperando por uma solução definitiva para um problema que já se arrasta por anos, afetando sua saúde, seu bem-estar e suas atividades cotidianas.