Comunidades tradicionais do Alto Solimões, no Amazonas, estão aprimorando suas técnicas de criação de abelhas nativas sem ferrão através de um curso especializado. A iniciativa, que reúne indígenas e ribeirinhos de Santo Antônio do Içá, tem como objetivo fortalecer a prática da meliponicultura na região.
Capacitação para produção sustentável
O curso oferecido gratuitamente pela ONG Meli abrange desde as técnicas de captura dos insetos até o processamento do mel para comercialização. Os participantes aprendem a resgatar abelhas encontradas em troncos derrubados na floresta e transferi-las para novas colônias, garantindo a preservação das espécies.
Uma das técnicas ensinadas utiliza extrato de própolis misturado com álcool e cera da colmeia, colocados em garrafas plásticas que simulam ninhos naturais. Esse método permite a captura segura das abelhas sem danificar o meio ambiente.
Experiência de criador tradicional
Entre os participantes está o indígena kokama Orlando de Jesus, considerado um dos criadores mais antigos da região. Atualmente, ele mantém aproximadamente 60 colmeias e possui ambicioso plano de expansão.
"Meu objetivo é ampliar para 200 colmeias até o próximo ano", revela o experiente criador, demonstrando como o conhecimento tradicional está se unindo às técnicas modernas de meliponicultura.
Benefícios ambientais e econômicos
A meliponicultura vem ganhando espaço entre comunidades tradicionais por unir produção sustentável e conservação ambiental. As colônias são instaladas em caixas de madeira, geralmente em áreas de mata, com o objetivo de multiplicar as espécies e garantir a produção de mel.
Os participantes recebem orientações completas sobre:
- Alimentação das abelhas (néctar das flores e pólen)
- Processo de multiplicação das colmeias
- Acompanhamento periódico da saúde das colônias
- Técnicas de colheita e beneficiamento do mel
Segundo os organizadores, a atividade fortalece a geração de renda e contribui significativamente para a conservação da biodiversidade local. As abelhas sem ferrão são responsáveis por cerca de 80% da polinização das plantas no mundo, desempenhando papel essencial para a segurança alimentar e o equilíbrio ambiental.
A iniciativa representa um importante passo para o desenvolvimento sustentável da região, unindo conhecimento tradicional e técnicas modernas para preservar espécies nativas enquanto gera oportunidades econômicas para as comunidades locais.